Aécio Neves tropeçou na mentira ao tentar explicar pedido de “empréstimo” feito ao dono do grupo JBS

Se em algum lugar do planeta, por mais distante que seja, há uma escola de malandragem política, por certo Aécio Neves é o dono do negócio ou foi escolhido reitor da entidade. A desfaçatez do senador mineiro faz parelha à sua conhecida soberba, mas que ninguém se deixe levar pelo impacto de suas desculpas esfarrapadas, pois o envolvimento do tucano no escândalo revelado pelos irmãos donos do grupo JBS é suficiente para mandá-lo presenteá-lo com para uma temporada atrás das grades.

Como sempre afirmou e continua afirmando o UCHO.INFO, no Brasil, para o infortúnio da população, política se faz apenas a reboque de muito dinheiro, na maioria das vezes recursos de origem ilícita. Com a divulgação das gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, que agora sorrateiramente pede desculpas ao povo brasileiro, Aécio apressou-se em explicar os fatos. E foi neste exato ponto que sua porção mitômana se agigantou.

Ao querer dar doses de seriedade e legalidade ao fato de ter pedido R$ 2 milhões ao empresário goiano, que refugiou-se douradamente em Nova York, Aécio Neves alegou que tal pleito foi de caráter pessoal, sem qualquer relação com sua atividade parlamentar.

Justificante o injustificável é tão sacrificante e inglório quanto enxugar gelo, mas Aécio não desistiu da empreitada. Disse que precisava de dinheiro para honrar os honorários do advogado que o defende no âmbito da Operação Lava-Jato, onde o tucano é acusado de corrupção. Ou seja, o senador queria dinheiro sujo para pagar o advogado que o defende em processo sobre recebimento de dinheiro sujo. Se não for redundância criminosa, certamente é ousadia desmedida. Mas Aécio Neves deve saber o que faz – é o que se presume –, pois até outro dia ele era o playboy inconsequente que resolveu se travestir de salvador da pátria.

Como a desculpa não emplacou, Aécio, o alarife das Gerais, partiu para o capítulo seguinte. Disse através de porta-vozes que diante da necessidade de recursos tentou dar um imóvel da família em garantia ou até mesmo vendê-lo a Joesley Batista. Mas, segundo suposto relato de Aécio, o empresário não aceitou.

Foi então que ambos acertaram os detalhes da operação de pagamento de propina. Joesley entregaria o montante (R$ 2 milhões) a um primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, que acabou preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira (18) no vácuo da Operação Patmos.


Como se seguisse o enredo de um filme sobre mafiosos, Aécio decidiu que Fred entregaria o dinheiro a Mendherson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG) e também preso pela PF. Cumprindo ordens, Mendherson levou o dinheiro até Belo Horizonte, onde Perrella ordenou que a quantia fosse depositada em conta bancária de uma empresa de Gustavo Perrella, seu filho, a Tapera Empreendimentos Agropecuários.

Considerando que Aécio Neves garantiu, à sombra de desculpas esfarrapadas, que o pedido de empréstimo (sic) feito ao empresário foi lícito e pessoal, não havia razão para o dinheiro sujo ter ziguezagueado até chegar à capital mineira, sendo depositado na conta de uma empresa que nada tem a ver com o senador tucano.

Seguindo o script que pauta a desfaçatez da família Neves da Cunha, Andréa, irmã do senador e outrora eminência parda do Palácio da Liberdade, também foi gravada pedido dinheiro a Joesley. Andréa disse ao dono do grupo JBS que precisava de R$ 40 milhões para comprar um apartamento da mãe no Rio de Janeiro. A abusada irmã do senador mineiro acabou presa na Operação Patmos e já “descansa” em alguma cela da Penitenciária Estevão Pinto, na Grande BH.

Na conversa com o agora licenciado presidente nacional do PSDB, Joesley afirma que com a nomeação de Aldemir Bendine, conhecido como Dida, para uma diretoria da mineradora Vale a questão dos R$ 40 milhões estaria resolvida. Bendine, para quem não se recorda, foi presidente do Banco do Brasil no governo da estabanada Dilma e às pressas, em meio ao escândalo do Petrolão, assumiu a presidência da Petrobras.

Aldemir Bendine teve um tórrido e meteórico romance com a alpinista social Val Marchiori, com direito a viagem romântica a Buenos Aires no jatinho que ficava à disposição da presidência do BB. Em contrapartida, por suas proezas “horizontalescas”, Val conseguiu a liberação de empréstimos em condições que nenhum reles cidadão seria capaz de obter.

Malandro experimentado, Aécio, que “vendia” a tese de que mandava e desmandava na vale, pediu a Joseley que esquece questão dos R$ 40 milhões, pois a partir daquele momento as conversas seriam apenas entre ambos.

Em qualquer país minimamente sério e com autoridades responsáveis e cumpridoras da lei, Joesley Batista e Aécio Neves já estariam atrás das grades. Como o Brasil é o paraíso do faz de conta, não causará espécie se forem tratados com pompa e circunstância por alguns desavisados que gravitam na órbita do poder. Enfim, isto é Brasil.

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