Réus por corrupção, Lula e Gleisi apostam nas “diretas já”, mas tramam adiar lançamento de candidatura

A senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) jamais hesita diante de qualquer oportunidade de embarcar em uma causa errada. Ré por corrupção em ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e citada na lista de propinas da Odebrecht sob o sugestivo codinome “Amante”, a senadora trama, juntamente com Lula, a candidatura do ex-presidente como única forma de salvá-lo da prisão, assim como a ela própria.

Dando sequência à trajetória partidária, o PT mais uma vez recorre à dissimulação como forma de enganar a opinião pública. No rasteiro plano arquitetado por Lula e seus caros advogados – cujos honorários ninguém sabe como são pagos – e que deve ter o respaldo de Gleisi no Senado, a candidatura do dramaturgo do Petrolão não mais ficará na linha de frente.

O plano consiste no seguinte: o congresso do PT, que começa nesta quinta-feira (1º), em Brasília, e deve eleger Gleisi Helena como presidente nacional da legenda, deixará para depois o lançamento da candidatura do alarife Lula ao Palácio do Planalto.

Na alça de mira da Operação Lava-Jato e prestes a ser condenado em pelo menos uma das muitas ações penais em que figura como réu, o ex-presidente solicitou a Gleisi para moderar o entusiasmo, pois crê que o movimento poderia constranger outros aliados adeptos da campanha por ‘Diretas Já’.


Além disso, os advogados do petista-mor avaliam não ser conveniente “provocar” antecipadamente o Judiciário. Como se a Justiça precisasse de estímulo para condenar o responsável pelo período mais corrupto da história nacional.

Réu em cinco ações penais, Lula poderá ser condenado em segunda instância antes da eleição de 2018, o que o tornará inelegível com base na Lei da Ficha Limpa. É justamente por esse motivo, no entanto, que muitos petistas acreditam que o encontro do PT é o momento adequado para empurrar sua candidatura, denunciar o que chamam de “golpe” continuado e ir para o enfrentamento.

Lula, por sua vez, acredita que esse movimento pode ser uma precipitação que acabará por dificultar o ‘golpe’ das ‘diretas já’. Desrespeitar a lei é letra morta nas hostes petistas. Para um partido que recusou-se a assinar o projeto que resultou na Constituição Federal de 1988, atropelar o que determina a Carta em relação à vacância da Presidência da República é tarefa fácil.

Misto de malandro experimentado com animal político, Lula sabe que seu índice de rejeição junto à opinião pública é devastador e um passo em falso (e precipitado) colocaria tudo a perder. Ciente de que em uma eleição indireta, como determina a Constituição, sua chance de vitória é quase nula, só lhe resta agitar o caldeirão do golpe da antecipação das eleições diretas como forma de sobrevivência política.

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