Operação Manus: prisão de Henrique Eduardo Alves confirma extensão do banditismo político no Brasil

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira (6) a Operação Manus, desdobramento da Operação Lava-Jato, e prendeu preventivamente, em Natal (RN), o peemedebista Henrique Eduardo Alves, acusado de corrupção e lavagem dinheiro na órbita da construção da Arena das Dunas, sede da Copa do Mundo de 2014 e um dos “elefantes brancos” que surgiram no âmbito da competição futebolística. Segundo as investigações, as fraudes alcançaram a incrível marca de R$ 77 milhões.

Além de Alves, outras quatro pessoas foram alvo de mandados de prisão preventiva, incluindo o deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que já está preso no Complexo Médico de Pinhais, em Curitiba, no escopo da Lava-Jato.

Ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-ministro do Turismo nos governos Dilma e Temer, o potiguar Henrique Eduardo Alves é alvo também de outro pedido de prisão, feito pelo Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF), por suspeita de ocultar R$ 20 milhões em contas bancárias no exterior. Os recursos seriam provenientes da atuação de um grupo liderado por Eduardo Cunha, responsável por irregularidades nas vice-presidências de Fundos e Loterias e de Pessoas Jurídicas da Caixa Econômica Federal.

Os casos decorrem da análise de provas colhidas em várias etapas da Lava-Jato, principalmente as relacionadas à quebra dos sigilos bancários e fiscais do envolvidos e dos depoimentos de delatores do Grupo Odebrecht, homologados em janeiro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Foram identificados diversos valores recebidos como doação eleitoral oficial, entre os anos de 2012 e 2014, que, na verdade, consistiram em pagamento de propina. Identificou-se também que os valores supostamente doados para a campanha eleitoral em 2014 de um dos investigados foram desviados em benefício pessoal”, informou a PF.


“No caso de Henrique Eduardo Alves, por exemplo, há relatos da existência de movimentação financeira externa entre os anos de 2011 e 2015, período em que teriam ocorrido os desvios de recursos do FI-FGTS por parte da organização criminosa”, destaca outra nota divulgada pela Procuradoria da República do Distrito Federal, que trabalhou em parceria com a Procuradoria da República no Rio Grande do Norte.

Em junho de 2016, Henrique Eduardo Alves tornou-se o terceiro ministro, em pouco mais de um mês do governo Michel Temer, a entregar o cargo após denúncias relacionadas à Operação Lava-Jato. Na ocasião, o então ministro foi citado na estranha delação premiada de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpreto, subsidiária da Petrobras.

A prisão de Henrique Eduardo Alves mostra, mais uma vez, que no Brasil não se faz política sem muito dinheiro, na maioria das vezes recursos de origem criminosa. A construção da Arena das Dunas foi uma das muitas aberrações na seara da Copa de 2014, pois o Rio Grande do Norte não tem atividade futebolística tão intensa que justificasse a construção de uma arena esportiva cara e luxuosa.

É importante lembrar que foi por insistência do então presidente Lula que a FIFA aceitou a realização do certame em doze cidades-sede.

O nome da Operação Manus é uma referência ao provérbio latino “Manus Manum Fricat, Et Manus Manus Lavat”, que significa “uma mão esfrega a outra, uma mão lava a outra”.

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