Lava-Jato: força-tarefa insiste na tese absurda de que operação de combate à corrupção corre riscos

O procurador da República e integrante da força-tarefa da Lava-Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou, na noite de terça-feira (4), em entrevista ao jornal Valor Econômico, que os brasileiros brasileira vivem um “momento de cansaço” com a operação, que, segundo ele, corre “perigo real” de acabar.

“A Lava-Jato deu certo porque [começou no momento em que] o poder político estava sem unidade. Vivíamos sob um governo fragilizado, e muitos [políticos] da oposição viram na investigação uma oportunidade, pensando que estávamos investigando apenas o PT, o que não é verdade”.

“Hoje, há uma unidade do espectro político para aprovar leis que impeçam a continuidade da investigação. O atual momento é de cansaço da população com a Lava-Jato. Muitos dos [movimentos] que nos apoiaram achando que era uma investigação do PT não nos apoiam mais. Outras pessoas pensam mais na crise, querem que a situação econômica melhore”, disse Santos Lima.

“Corremos o risco de um momento em que virão nos dar tapinhas nas costas e dizer: ‘Foi muito bom o que vocês fizeram, mas acabou. Está na hora de nos desenvolvermos’. Daí aprova-se uma anistia [aos crimes investigados]”, afirmou o também procurador Roberson Pozzobon, que na noite de terça-feira, juntamente com outros integrantes da força-tarefa, proferiu palestra na sede da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), em Curitiba.

Não restam dúvidas acerca da necessidade de intensificar o combate à corrupção sistêmica, que tomou conta do território nacional em todas as entranhas do Poder, mas é preciso reconhecer que as investigações geram uma crise política que compromete o desenvolvimento econômico do País. A Operação Lava-Jato, que já entrou para a história da política verde-loura, é de suma importância, porém não se pode fechar os olhos para a realidade. Quem afirma que a Lava-Jato não interfere na economia brasileira está com preguiça de pensar. E não se pode esquecer que a Lava-jato não será eterna.


É importante ressaltar que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal resistiram muito diante das primeiras denúncias sobre o esquema de corrupção que foi incrustado na Petrobras e criado pelo então deputado federal José Janene (PP-PR), já falecido.

No momento em que eclodiu o Mensalão do PT, as autoridades deveriam ter atentado para o fato de que uma nova estratégia criminosa entraria em cena para substituir aquele que foi o primeiro grande escândalo de corrupção da era Lula. Essa foi a denúncia feita pelo editor do UCHO.INFO, em agosto de 2005, mas os soberbos investigadores cruzaram os braços.

Somente em 2009, após a insistência do editor do portal e do empresário Hermes Magnus, hoje asilado, é que os investigadores resolveram abrir os olhos para o maior esquema de corrupção de todos os tempos, cuja extensão todos desconheciam.

O fato de José Janete ter sido denunciado no Mensalão do PT era motivo mais do que suficiente para deflagrar uma investigação sobre as atividades do homem forte do Partido Progressista que mandava recados desaforados a Lula quando seus pedidos não eram atendidos pelo governo. Aliás, a estreita relação entre Janene e o doleiro Alberto Youssef jamais foi novidade – eram compadres de fato.

Somente os ingênuos foram capazes de acreditar que, após o escândalo do Banestado – esquema criminoso que enviou ao exterior US$ 19 bilhões por meio das chamadas contas CC5 –, Alberto Youssef deixaria de operar no mercado clandestino de câmbio. Deixaram o doleiro à vontade, inclusive para desrespeitar acordo de colaboração premiada feito à época, e deu no que todos já sabem e conhecem.

A força-tarefa da Lava-Jato insiste na pirotecnia e no vedetismo, quando deveria se dedicar a obtenção de provas irrefutáveis para prender e manter no cárcere os artífices do Petrolão. O julgamento do caso do apartamento triplex no Guarujá, cuja propriedade é credita a Lula, será o grande teste da força-tarefa.

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