Enquanto jura lealdade a Temer, nos bastidores Rodrigo Maia terceiriza ao PSDB o jogo sujo da traição

Quem conhece e a campanha a política nacional sabe que a mentira e a desfaçatez campeiam em larga escala nessa seara marcada por traições e outros quetais. A denúncia contra o presidente Michel Temer, apresentada pela Procuradoria-Geral da República, é fala sob a ótica do Direito Penal, como já afirmou o UCHO.INFO, o que em tese permite afirmar que o peemedebista tem chance de continuar no posto.

Disse certa feita Magalhães Pinto, então governador de Minas Gerais: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. E é exatamente assim que vem ocorrendo no céu de Michel Temer, que contempla um cenário com intensas mutações.

Até o último final de semana (1 e 2 de junho), a probabilidade de Temer continuar presidente era de mais de 70%, mas a prisão de Geddel Vieira Lima, a delação de Lucio Bolonha Funaro e a disposição de Eduardo Cunha de aderir à colaboração premiada mudaram o quadro. O que é ruim para o presidente, péssimo para o País.

Para conseguir barrar a denúncia na Câmara dos Deputados, Michel Temer depende da chamada base aliada, que, dependendo da situação, simplesmente ignora o significado de lealdade. O PSDB, que depois do PMDB é o principal partido da base de sustentação do governo no Congresso, já ensaia um desembarque. Os tucanos devem decidir sobre o tema na próxima segunda-feira (10), mas está previamente acertado que o tucanato baterá asas logo após a aprovação da reforma trabalhista, cuja votação no plenário do Senado está agendada para terça-feira (11).

Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, seis dos sete tucanos que integram o colegiado já anunciaram que votarão contra Temer, ou seja, a favor da abertura de inquérito no STF. Por outro lado, no Senado, há um grupo comandado por Aécio Neves que ainda resiste à ideia de abandono.


O calvário de Michel Temer começou a fermentar a partir da conversa entre o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), substituto constitucional do presidente da República. Tasso defende a tese de que Maia é a garantia de governabilidade, enquanto o democrata afirma que o momento exige “tranquilidade e prudência”.

Passar uma temporada (pelo menos seis meses) ocupando o principal gabinete do Palácio do Planalto é fato único, algo que Maia sequer imaginou em toda a sua carreira política. O presidente da Câmara sabe que oportunidade como essa não surgirá outra vez, até porque um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas ele diz que aprendeu que desde cedo aprendeu a ser leal. Acontece que no meio político a lealdade dura até o fim do prefácio. Daí em diante, salve-se quem puder.

Rodrigo Maia não apenas conversou com Tasso Jereissati sobre a possibilidade de assumir interinamente a Presidência da República e, ato contínuo, ser eleito indiretamente para o cargo, mas também vem flertando com empresários de vários setores da economia, inclusive com banqueiros. Michel Temer resistirá no cargo enquanto o empresariado não deixá-lo na mão. Quando isso acontecer, o presidente não terá como enfrentar a avalanche. Ao que parece, o cronômetro já foi acionado.

A situação de Michel Temer agravou-se de tal maneira nas últimas horas, que até o recatado senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) ignorou os punhos de renda típicos do tucanato e foi à luta. Cunha Lima, em conversa com investidores, disse que “o governo caiu” e “dentro de quinze dias o País terá um novo presidente”.

Por um lado, Temer afirma que Rodrigo Maia tem dado seguidos exemplos de lealdade, mas por outro, o PSDB vem fazendo aquilo que o presidente da Câmara finge não querer. Romper com o governo e assumir o comando de uma nau à beira do naufrágio. E o PSDB que não acalente o sonho de subir a rampa do Palácio do Planalto em 2019 caso Maia venha a ocupar o lugar de Temer. Até porque, Rodrigo, se alçado ao posto, será candidato à reeleição, com a caneta presidencial cheia de tinta e uma investigação no STF por corrupção.

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