Temendo decisão do TRF-4, Lula já trabalha para fazer de Fernando Haddad o presidenciável do PT

Condenado a nove anos e meio de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito da ação penal que tem como foco o polêmico apartamento triplex no Guarujá, no litoral paulista, Lula sabe que, caso o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirme a sentença do juiz Sérgio Moro, seu plano de concorrer à Presidência em 2018 irá pelos ares. O que será uma enorme conquista para o País, que não pode estar novamente nas mãos do responsável pelo período mais corrupto da história nacional.

Envolvido em vários escândalos de corrupção, o Partido dos Trabalhadores insiste em desqualificar a Operação Lava-Jato e as muitas ações penais decorrentes das investigações, mas fato é que a legenda continua dependente de Lula em termos eleitorais. Presidente de honra do partido, Lula é o único nome presidenciável entre os “companheiros”, o que dificulta ainda mais a sobrevida da legenda no cenário político brasileiro.

Por mais que os advogados do petista-mor abusem dos discursos emoldurados pela teoria da conspiração e o próprio condenado agarre-se à tese de que sua condenação foi política, a cúpula do partido já trabalha em busca de um nome que tenha aceitação junto ao eleitorado e não esteja envolvido em escândalos de corrupção, o que é difícil entre os “camaradas”.


A preocupação em relação ao resultado do julgamento em segunda instância é tamanha, que Lula vem conversando nos bastidores com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que fracassou na tentativa de permanecer mais uma temporada à frente da administração da maior cidade brasileira.

Haddad, como sabem os leitores, perdeu a eleição de 2016, ainda no primeiro turno, para o prefeito João Doria (PSDB), o que pode ser uma dose de ânimo no ninho tucano. No momento em que Lula recorre ao ex-alcaide paulistano, fica claro que o partido está “derretendo” e não tem quadro à altura para retomar o projeto criminoso de poder.

Desde que deixou o comando da capital paulista, Haddad voltou à vida acadêmica e tem resistido às investidas de Lula, que sonha em ver seu pupilo percorrendo o Brasil para conquistar a simpatia do eleitorado. A grande questão nesse plano mirabolante criado pelo ex-metalúrgico é saber se Fernando Haddad está disposto a correr o risco de agregar ao currículo mais uma derrota nas urnas, desta vez não âmbito federal.

Não obstante, Haddad entrou para a galeria dos piores prefeitos de São Paulo, não tendo deixado saudade até mesmo na periferia, conhecido reduto petista. De tal modo, Lula precisa começar a aceitar a ideia de que seu partido pode ter perdido o protagonismo da esquerda tupiniquim, que, é bom lembrar, parece ter entrado na espiral do descrédito.

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