Bendine preocupa-se com saúde mental da filha, algo desconsiderado quando circulava com socialite

Entre os muitos efeitos colaterais da Operação Lava-Jato, pelo menos um ocorre em silêncio e longe dos olhos da imprensa: a situação das famílias dos investigados e condenados no âmbito das investigações do Petrolão. Muitas famílias desmoronaram na esteira da Lava-Jato, o que de forma alguma invalida a operação, mas os filhos dos “petroleiros” pagarão uma conta muito maior e por mais tempo.

Ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, o Dida, foi preso na Operação Cobra, 42ª fase da Lava-Jato, sob a acusação de ter recebido R$ 3 milhões para não atrapalhar os negócios da Odebrecht com a estatal petrolífera.

Bendine foi levado à carceragem da Polícia Federal em Curitiba, mas estava prestes a ser transferido para o Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana da capital paranaense, quando o juiz Sérgio Moro, atendendo a um pedido do Ministério Público Federal, suspendeu a transferência por “razões humanitárias”.

A transferência do executivo foi solicitada pelo delegado Igor Romário de Paula, da PF, que no pedido explicou que na mesma carceragem estão custodiados vários presos da Lava-Jato, delatores e delatados, o que torna difícil o gerenciamento do local. “Por razões de segurança ou por serem réus colaboradores, foram mantidos nesta unidade, dentre eles um delator que contribuiu efetivamente para as investigações desta última fase”, justificou o delegado.


Os advogados de Aldemir Bendine alegaram que uma das filhas do ex-presidente da Petrobras sofre “desordens psiquiátricas” e as revistas íntimas no Complexo de Pinhais poderiam causar constrangimento e piorar o quadro de saúde mental da jovem.

“Dessa forma, por razões humanitárias, pede-se a reconsideração da decisão em questão, a fim de que, ao menos por ora, seja o peticionário mantido na carceragem da Polícia Federal”, escreveu a defesa de Bendine.

Como mencionado no início desta matéria, famílias foram destruídas em função dos crimes cometidos e da repercussão da Operação Lava-Jato, o que deve ser levado em consideração, mas, mesmo respeitando o alegado problema psiquiátrico da filha do ex-presidente da Petrobras, Bendine não se preocupou com esse detalhe quando carregava a tiracolo a socialite Val Marchiori, que conseguiu junto ao Banco do Brasil um empréstimo em condições vantajosas e especialíssimas.

O único momento em que Aldemir Bendine se preocupou com as filhas, em meio aos escândalos, foi por ocasião de requerimento de informações protocolado na Câmara dos Deputados para que o então presidente do BB explicasse a “carona” dada a Marchiori a Buenos Aires em jatinho da instituição financeira. Diante da possibilidade de novo escândalo, após intensa negociação o requerimento de informações foi arquivado.

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