Lava-Jato: Lula corre contra o tempo para vencer dois desafios impostos pelo juiz Sérgio Moro

Protagonista do maior esquema de corrupção da história da Humanidade, o Petrolão, Lula encontra-se em situação difícil e que no dialeto popular é conhecida como “sinuca de bico”. Réu em sete ações penais e já condenado à prisão em uma delas, o ex-metalúrgico tem duas missões impossíveis (ou quase) a realizar. Isso porque o juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, estabeleceu prazo para que o petista apresente provas que eventualmente elucidarão dois casos.

No primeiro caso, Lula assumiu o compromisso, por meio de seus advogados, de apresentar os recibos de pagamento do aluguel de apartamento contíguo ao seu, em São Bernardo do Campo. De acordo com os investigadores da Lava-Jato, o apartamento em questão pertence a Lula, mas um contrato de locação foi forjado para camuflar o crime de corrupção. O imóvel está registrado em nome de Glauco Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai (amigo de Lula), e teria sido adquirido pela empreiteira Odebrecht no escopo do plano de propinas pagas ao petista.

No depoimento prestado ao juiz Sérgio Moro no último dia 13 de setembro, em Curitiba, Lula mostrou irritação ao ser questionado sobre o polêmico apartamento. Disse o ex-presidente que o pagamento do aluguel e a feitura do respectivo contrato eram de responsabilidade da ex-primeira-dama Marisa Letícia, falecida em fevereiro deste ano. Resumindo, mais uma vez Lula não respeitou a memória da finada Marisa, a quem responsabilizou pelos malfeitos.

Em depoimento à Justiça, Glauco Costamarques declarou que só começou a receber o aluguel do imóvel em 2015, quando o escândalo veio à tona. Em algum momento, Costamarques há de revelar a verdade, pois as provas levantadas durante as investigações desmontam esse enredo criminoso.

O segundo desafio imposto por Moro ao ex-presidente da República é provar que metade dos R$ 606 mil bloqueados em conta bancária pertencia a Marisa Letícia. Lula tem menos de quinze dias para apresentar documentos que provem a origem lícita do dinheiro bloqueado por decisão judicial.


Ao condenar Lula a nove anos e seis meses de prisão no caso do igualmente polêmico apartamento triplex no Guarujá, no litoral paulista, Moro determinou o bloqueio de R$ 16 milhões em nome do petista, dinheiro que, segundo o magistrado, tem origem em conta corrente de propina da OAS com o ex-presidente e o PT. No escopo dessa determinação judicial, o Banco Central bloqueou R$ 7,1 milhões em plano de previdência empresarial em nome de Lula, além de R$ 1,8 milhão depositado em aposentadoria privada.

É difícil afirmar que Lula conseguirá vencer esses dois desafios, mas uma afirmação pode ser feita sem medo de errar: o petista-mor é o primeiro brasileiro especialista em milagre da multiplicação. Em depoimento à Justiça Federal, em Brasília, Lula afirmou que seus ganhos mensais giram em torno de R$ 30 mil. Para quem tem contas do cotidiano a quitar e vive como verdadeiro nababo, esses proventos são insuficientes.

Outro detalhe que deve ser considerado é a questão da defesa do ex-metalúrgico no âmbito da Operação Lava-Jato. Defendido pelo escritório de advocacia de Roberto Teixeira, seu compadre (é padrinho de Lurian), Lula pode até não pagar os honorários dos causídicos, mas as despesas da defesa estão sendo bancadas por alguém. Lembrando que os advogados de Lula têm feito frequentes viagens internacionais para propalar a aludida inocência do dramaturgo do Petrolão.

Não obstante, dois outros grandes advogados fazem parte da defesa de Lula. No Brasil, o renomado criminalista José Roberto Batochio integrava quase que silenciosamente a defesa do petista, mas acabou deixando o grupo quando Antonio Palocci Filho decidiu negociar acordo de colaboração premiada com os procuradores da Lava-Jato. Batochio defende Palocci e as vozes maledicentes garantem que o criminalista foi contratado por Lula no afã de impedir a delação do ex-ministro da Fazenda.

Por outro lado, na Europa, o advogado australiano Geoffrey Robertson, especialista em direitos humanos, engrossa o time de advogados de Lula. Com elegante escritório em Londres, Robertson assumiu a defesa de Lula junto ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, que funciona na belíssima, elegante e cara Genebra, na Suíça.

Como mencionado acima, Geoffrey Robertson é especialista em direitos humanos, mas não se tem notícia de que seja alguém ligado a benemerência explícita. Ou seja, seu conhecimento jurídico custa muito dinheiro. O mesmo pode-se afirmar em relação ao advogado José Roberto Batochio, um dos grandes do Direito Criminal brasileiro. Tomando por base as cifras que permeiam os bastidores jurídicos da Lava-Jato, uma defesa encabeçada por Batochio não sai por menos de R$ 5 milhões. Dinheiro a rodo, mesmo que em suaves parcelas.

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