Rei da Espanha classifica líderes catalães como “irresponsáveis” e “desleais”

(F. Gomez – Reuters)

O rei da Espanha, Felipe VI, falou publicamente pela primeira vez, nesta terça-feira (3), sobre o referendo de independência da Catalunha realizado no último final de semana, considerado ilegal pelo governo em Madrid e alvo de violenta repressão policial, deixando centenas de feridos.

Em raro discurso transmitido pela televisão, o monarca espanhol chamou as autoridades catalãs de “desleais” em razão da realização da consulta popular, suspensa pela Justiça do país. Segundo o rei, as autoridades da Catalunha colocaram-se “totalmente à margem do direito e da democracia”.

Para Felipe VI, a liderança catalã pretendia, com o referendo, “quebrar a unidade da Espanha e a soberania nacional”. “Com a sua conduta irresponsável, eles colocaram em perigo a estabilidade da Catalunha e de toda a Espanha”, destacou o rei, que falava do Palácio da Zarzuela, em Madrid.

Sem mencionar diretamente a violência policial ocorrida no domingo, o monarca defendeu o “firme compromisso da coroa com a democracia e a unidade da Espanha”, afirmando que, diante da situação de “extrema gravidade” na Catalunha, é responsabilidade do Estado “assegurar a ordem constitucional”.


A violência policial no referendo separatista foi alvo de intensos protestos em Barcelona nesta terça-feira (3), além de uma greve parcial que atingiu alguns setores da economia, como comércio e transporte. A polícia local afirma que 700 mil pessoas foram às ruas contra a repressão.

No domingo, policiais enviados pelo governo federal tentaram interromper com violência a realização da consulta popular, deixando cerca de 890 pessoas feridas, segundo autoridades catalãs.

O governo regional da Catalunha afirma que 90% dos eleitores que foram às urnas votaram pelo “sim”. O número, porém, não representa a visão da maioria da população local, já que apenas 42% dos eleitores compareceram.

Ainda assim, Barcelona está considerando os resultados suficientes e diz que vai enviá-los ao parlamento local e declarar independência de Madrid de maneira unilateral “dentro de alguns dias”. O presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, também pediu a retirada da região dos milhares de policiais enviados por Madrid.

O referendo, no entanto, é considerado ilegal pelo governo espanhol e, por isso, a declaração de independência não deve ser reconhecida. No domingo, o premiê Mariano Rajoy afirmou que o referendo simplesmente “não existiu”. (Com agências internacionais)

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