Deixar o comando da Polícia Federal era o desejo do delegado Leandro Daiello e todos sabiam. Contudo, a decisão do presidente Michel Temer de nomear o também delegado Fernando Segóvia para o cargo contrariou a indicação do ministro da Justiça e trouxe de carona a primeira polêmica. Segundo informou a jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, Segóvia teve como patrocinador de sua indicação ninguém menos do que José Sarney, ex-senador e ex-presidente da República.
Considerando que na política inexistem coincidências, causou estranheza o fato de Segóvia ter comandado a PF no Maranhão, estado mais miserável da federação e reduto político do clã Sarney, onde o ex-presidente atuou durante décadas a fio como caudilho de baixa patente.
À jornalista, Sarney afirmou em nota que não fez lobby pelo novo diretor da PF e o fato de ele ter dirigido a corporação no Maranhão não significa que ambos sejam amigos. Quem conhece minimamente o Maranhão sabe que a desculpa de José Sarney não convence. Afinal, Sarney e seus quejandos sempre concentraram poder no estado, com direito a mandos e desmandos de todos os naipes.
A questão não é duvidar da competência e da honorabilidade de Segóvia, que prometeu ampliar a ação da PF no escopo da Operação Lava-Jato, mas de evitar questionamentos desnecessários no curso das investigações sobre casos de corrupção.
Especialista em inteligência de fronteiras, Segóvia ganhou a atenção do presidente da República diante da necessidade do País de combater o crime organizado. Nos bastidores do Palácio do Planalto, onde o novo diretor-geral da PF esteve reunido com Temer, havia a expectativa de um anúncio oficial da nomeação durante coletiva de imprensa, mas decidiu-se que o ministro da Justiça, Torquato jardim, escolheria a melhor forma de anunciar.
“O Ministério da Justiça comunica que o senhor Presidente da República escolheu nomear o Delegado Fernando Segóvia como novo diretor-geral do Departamento de Polícia Federal. Nesta mesma oportunidade, o ministro da Justiça expressa ao Delegado Leandro Daiello seu agradecimento pessoal e institucional pela competente e admirável administração da Polícia Federal nos últimos seis anos e dez meses”, destaca a nota do Ministério da Justiça.
