Diversos líderes internacionais reagiram com críticas, nesta quarta-feira (6), à estabanada decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de transferir a embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo, assim, a cidade disputada como capital do governo israelense.
O anúncio, realizado em aguardado discurso na Casa Branca, é contrário ao posicionamento dos aliados árabes e ocidentais de Washington, que nos últimos dias já vinham proferindo alertas a Trump de que a medida colocaria em risco uma futura solução de paz no Oriente Médio.
Israel foi o único governo a manifestar apoio à medida, descrevendo-a como “justa e corajosa”. “A decisão do presidente é um passo importante para a paz, porque não há paz que não inclua Jerusalém como capital do Estado de Israel”, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Confira abaixo as reações de outros líderes, grupos e entidades internacionais:
Autoridade Nacional Palestina
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, afirmou que, ao reconhecer a cidade disputada como capital israelense, Trump abdicou de seu papel como mediador da paz no Oriente Médio. “Jerusalém será a capital eterna do Estado da Palestina”, disse o líder em discurso na televisão.
Abbas adiantou que a liderança palestina se reunirá nos próximos dias e consultará os líderes árabes para formular uma resposta adequada à decisão do presidente americano.
Hamas
“Esta decisão vai abrir os portões do inferno para os interesses americanos na região”, declarou Ismail Radwan, do movimento palestino Hamas. O grupo, que controla a Faixa de Gaza, havia dito antes do anúncio que um reconhecimento de Jerusalém como capital ameaçaria iniciar uma nova Intifada (levante popular dos palestinos da Cisjordânia contra Israel).
ONU
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também condenou o reconhecimento, alertando que o status de Jerusalém deve ser resolvido por meio de negociações diretas entre israelenses e palestinos.
“Desde o primeiro dia como secretário-geral das Nações Unidas, eu tenho consistentemente contestado qualquer medida unilateral que possa colocar em perigo a perspectiva de paz para o conflito israelo-palestino”, disse Guterres.
União Europeia
O bloco econômico europeu reagiu ao anúncio de Trump expressando “preocupações sérias”. “As aspirações de ambas as partes [no conflito israelo-palestino] devem ser cumpridas e, por meio de negociações, deve ser encontrada uma maneira de resolver o status de Jerusalém como a futura capital dos dois Estados”, declarou a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini.
França
O presidente francês, Emmanuel Macron, descreveu o passo de Washington como uma “decisão lamentável que a França não aprova”. A medida, segundo o líder, “viola as leis internacionais e as resoluções do Conselho de Segurança da ONU”.
Macron acrescentou que o status de Jerusalém “terá que ser determinado por israelenses e palestinos em negociações sob a tutela das Nações Unidas”.
Reino Unido
“Não concordamos com a decisão dos EUA de transferir sua embaixada para Jerusalém e de reconhecer a cidade como capital israelense. Acreditamos que [a medida] não ajudará em termos de perspectivas de paz na região”, afirmou a primeira-ministra britânica, Theresa May, em comunicado.
Jordânia
O governo em Amã seguiu o mesmo tom, afirmando que a “decisão do presidente americano de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e transferir a embaixada para essa cidade constitui uma violação das decisões do direito internacional e da Carta das Nações Unidas”.
Egito
“Decisões unilaterais como essa violam as resoluções de legitimidade internacional e não mudarão o status legal da cidade de Jerusalém”, disse o Ministério do Exterior egípcio. “O Egito está extremamente preocupado com os possíveis efeitos dessa decisão para a estabilidade da região.”
Nesta quarta-feira, o presidente do país, Abdel Fattah al-Sisi, recebeu uma ligação do líder palestino, Mahmoud Abbas, para discutir as repercussões da medida americana. Sisi expressou a rejeição do Egito à decisão e a “qualquer implicação resultante dela”, diz uma nota da presidência.
Líbano
Em comunicado, o presidente libanês, Michel Aoun, também disse que a atitude de Trump é perigosa e ameaça a credibilidade dos Estados Unidos como intermediário no processo de paz na região. A decisão coloca em risco a estabilidade regional e, talvez, a estabilidade mundial, acrescentou.
Qatar
Para o ministro do Exterior do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel é uma “escalada perigosa”, que representa a sentença de morte para uma solução de paz. Segundo ele, o emir Tamim bin Hamad al-Thani alertara Trump sobre as implicações sérias de tal decisão, em conversa telefônica anterior. (Com agências internacionais)