Rocha Loures tornou-se réu por corrupção passiva apenas porque devolveu mala com R$ 500 mil

Vivendo o pior momento de sua história, a política brasileira é terreno fértil para criminosos com mandato ou instalados em cargos oficiais. De igual modo, na política verde-loura inexistem inocentes e coincidências. Mesmo assim, é preciso ater-se ao que reza a lei para que não ocorra a violação do Estado Democrático de Direito. Isso leva o cidadão à preguiça e a querer soluções imediatas, mas nada pode existir que não debaixo da legislação vigente, o que de alguma maneira permite a criação de perigosos precedentes.

Ex-deputado federal pelo PMDB do Paraná e ex-assessor do presidente da República, Rodrigo Rocha Loures tornou-se réu em ação penal por decisão da Justiça Federal do DF. Na segunda-feira (11), o juiz federal Jaime Travassos Sarinho aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Loures por corrupção passiva. O ex-parlamentar é acusado de receber propina no valor de R$ 500 mil da JBS.

“Concluo que a peça acusatória cumpre os requisitos formais, descreve fatos que, em tese, são criminosos e está amparada em elementos de convicção que, em exame preliminar, confortam as circunstâncias de fato e de direito nela relatadas. Não é o caso, então, da rejeição liminar da denúncia”, justificou Sarinho em sua decisão.

Flagrado em abri passado deixando o estacionamento de uma conhecida pizzaria da capital paulista, na região dos Jardins, após receber mala com R$ 500 mil, entregue por Ricardo Saud, ex-diretor do grupo J&F, Loures só tornou-se réu por conta de um detalhe que somente o UCHO.INFO noticiou. Se não tivesse devolvido a tal mala, o ex-assessor presidencial estaria tranquilo, pois seria a palavra de Saud contra a dele.


Não se trata de defender Rodrigo Rocha Loures, mas questionar a eficácia da investigação da Polícia Federal que colocou o presidente da República como possível destinatário do dinheiro. Ao deixar a pizzaria na Zona Sul paulistana, Loures, visivelmente assustado, entrou em um táxi e deixou o local. Os policiais federais que estavam em um carro na frente da pizzaria não conseguiram acompanhar o táxi. Ou seja, ou a incompetência falou mais alto ou algo não saiu como planejado.

Muitas das autoridades envolvidas nas investigações alegam nos bastidores que a tal mala estava monitorada por chip, mas isso não foi confirmado. Se a mala de fato estava sob monitoramento eletrônico, a Justiça poderia ter autorizado busca e apreensão no endereço onde a mesma se encontrava. E isso não aconteceu.

Afobado, Loures decidiu, talvez por orientação de seus advogados, devolver o dinheiro, mas a mala entregue às autoridades não era a mesma fotografada pela PF com os R$ 500 mil. Ademais, o ex-deputado devolveu inicialmente R$ 465 mil, mas em seguida completou o valor. Rodrigo Rocha Loures foi preso em 3 de junho, mas agora está em prisão domiciliar.

A corrupção precisa ser combatida com firmeza e perseverança, mas a legislação deve ser respeitada em sua inteireza, evitando que muitas investigações venham a ser alvo de arguição de nulidade de provas. Ato contínuo, aqueles que deveriam ser punidos com o rigor da lei acabarão livres e impunes.

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