Se bloqueio de contas impede Lula de pagar despesas, é preciso explicar como custeou defesa milionária

(Edilson Dantas – O Globo)

As autoridades brasileiras, em especial as do Judiciário e as que participam das investigações da Operação Lava-Jato, precisam estar atentas para o discurso dramático proferido por Lula e seus sequazes, pois em cada declaração tem um detalhe que pode comprometer sobremaneira a situação do alarife do Petrolão.

Na última terça-feira (10), a Justiça Federal determinou o bloqueio dos bens de Lula, do Instituto Lula, de seu presidente, Paulo Okamotto, e da LILS, empresa de palestras do petista, que continua na mira dos investigadores que implodiram o maior e mais ousado esquema de corrupção de todos os tempos.

A determinação, da 1ª Vara de Execuções Fiscais de São Paulo, “visa a garantir o pagamento de dívida fiscal com o governo federal no valor de quase R$ 30 milhões”.

Como esperado, as assessorias do Instituto Lula e de Okamotto afirmam que o bloqueio objetiva limitar as possibilidades de defesa do ex-presidente da República e que os advogados recorrerão.

“A medida é mais um ataque de lawfare, a guerra jurídica contra Lula com fins políticos, para sufocar as atividades do Instituto Lula e dificultar o direito do ex-presidente Lula de se defender. Estamos recorrendo tanto do mérito, porque os impostos foram pagos, quando do bloqueio de bens.”

“Além de impor uma condenação sem base legal a Lula e privá-lo de sua liberdade em manifesta afronta à presunção de inocência assegurada na Constituição Federal, a Lava Jato quer retirar do ex-Presidente qualquer possibilidade de defesa ao privá-lo de seus bens e recursos para garantir um débito tributário que ainda está sendo discutido na esfera administrativa e que não tem qualquer relação com os valores reais doados ao Instituto Lula. O ex-presidente não tem os valores indicados no documento e a decisão de bloqueio foi impugnada por recurso, que aguarda julgamento no Tribunal Regional Federal da 3ª Região”, afirma o advogado Cristiano Martins Zanin, que está na proa da milionária defesa de Lula.

Dar à prisão de Lula um caráter político é querer esconder a verdade. O petista-mor foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro na ação penal que versa sobre o apartamento triplex do Guarujá, no litoral, não porque é um perseguido político. Aliás, o Brasil continua sendo uma democracia, diferentemente dos regimes totalitários que a esquerda verde-loura incensa diuturnamente, como os da Venezuela, Cuba e Coreia do Norte.


Como se não bastassem as manifestações oficiais das respectivas assessorias, o PT acionou seus próceres para que fossem espalhadas na imprensa nacional informações típicas de enredo mambembe de novela mexicana.

Okamoto, que nos bastidores da política é conhecido como o “trem pagador de Lula”, disse que o bloqueio de ativos impede que o ex-presidente da República honre com despesas básicas.

“O Lula agora não tem mais como pagar água, luz, telefone de seu apartamento nem convênio médico, advogados, nada”, disse Okamoto, cujas contas também foram bloqueadas. “Querem que a gente morra de fome, de sede, sem defesa, de frio”, completou o dramaturgo petista.

O próprio Lula declarou em juízo que recebe mensalmente algo em torno de R$ 30 mil, valor elevado no país em que o programa “Bolsa Família” serviu apenas e tão somente para criar e manter um obediente curral eleitoral, sem dar aos beneficiários uma porta de saída.

Ora, se Lula não tem como pagar as contas básicas, é preciso que alguém explique como é possível custear uma defesa milionária, pirotécnica e histriônica que não mede recursos para apresentar mundo afora teses esdruxulas de algo que jamais ocorreu.

Além de Zanin Martins, a esfuziante defesa de Lula conta com dois advogados considerados de elite: o renomado criminalista José Roberto Batochio e o ex-ministro Sepúlveda Pertence, do STF. Esses badalados e caros profissionais do Direito cobram honorários que gravitam na órbita dos sete dígitos, talvez na de oito dígitos. Ou seja, honorários que podem facilmente passar dos R$ 10 milhões, uma fortuna para quem recebe R$ 30 mil mensais.

Não obstante, até porque o histrionismo e a mitomania dão as ordens no caso em questão, Lula conta com o conhecimento jurídico do advogado australiano Geoffrey Robertson, especialista em direitos humanos e com elegante escritório em Londres. Robertson representa Lula junto ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, que funciona na belíssima cidade de Genebra, na Suíça, onde um copo de suco de laranja custa o equivalente a R$ 40.

Apenas para lembrar, Cristiano Zanin é sócio do compadre de Lula, Roberto Teixeira, em escritório de advocacia, viu as contas bancárias engordar a reboque de um passe de mágica. O “Teixeira, Martins Advogados” recebeu R$ 68,2 milhões para defender o outrora presidente do SESC no Rio de Janeiro, Orlando Diniz, preso preventivamente em fase da Operação Lava-Jato. Segundo os investigadores, ao menos R$ 1 milhão foi pago em espécie a Zanin e Teixeira.

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