Jungmann diz que milícias podem estar envolvidas no assassinato de Marielle Franco e de seu motorista

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta segunda-feira (16) que as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes apontam para o envolvimento de milícias. Essa revelação não esclarece o crime e está longe de ser uma novidade.

“As investigações avançam. Estão partindo de um grande conjunto de hipóteses e afunilando. E uma das possibilidades que têm crescido é que seja um crime ligado às milícias”, afirmou Jungmann, durante um evento no Rio de Janeiro.

O ministro não deu detalhes sobre os indícios que apontariam para essa hipótese e também não descartou o envolvimento de vereadores no crime. “Acho que não podemos descartar nada. Sobretudo se existem áudios, se existem informações que possam levar a qualquer responsabilização”, acrescentou.

Sugerir a participação de vereadores no crime é tão leviano quanto precipitado. A questão não é afastar essa possibilidade, mas imputar o crime de forma genérica a todos os integrantes da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.


Marielle trabalhou em 2008 na CPI das Milícias, realizada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O relatório final da investigação pediu o indiciamento de 225 pessoas, entre elas políticos, policiais, agentes penitenciários e bombeiros. Além de defender os direitos das mulheres e a inclusão social, a então vereadora criticava também a violência policial.

O assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson completou um mês no último sábado (14). Ambos foram mortos ao sair de um evento na Lapa. O carro onde estavam foi baleado treze vezes. O caso, que levou multidões às ruas em vários países para manifestar solidariedade e cobrar explicações, é tratado com absoluto sigilo pelos investigadores.

É preciso ressaltar que no País ocorrem inúmeras mortes em circunstâncias idênticas, sem que as autoridades e a opinião pública se preocupem como no caso de Marielle Franco.

Considerando que na democracia prevalece, em tese, a isonomia em termos de tratamento ao cidadão, Marielle não era melhor do que outros brasileiros que morreram por defender minorias, criticar policiais e denunciar autoridades. Ademais, muitos assassinatos continuam à espera de solução, sem que os agentes do Estado dispensem tamanha preocupação.

Fato é que manter o caso na mídia interessa à esquerda radical, que vem transformando o cadáver da outrora vereadora carioca em trampolim político-eleitoral. Essa tentativa foi explícita nos primeiros momentos após o crime, mas agora a exploração do cadáver de Marielle Franco está no campo do politicamente correto.

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