O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, cruzou nesta sexta-feira (27) a linha de demarcação militar que divide a Península Coreana para participar de uma histórica cúpula com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, marcada por promessas de desnuclearização e fim das hostilidades entre os países vizinhos.
Ao cruzar a fronteira, Kim se transformou no primeiro líder norte-coreano a pisar no solo da Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953. Os líderes se cumprimentaram na zona desmilitarizada entre os dois países. O aperto de mão deu-se em cima da linha divisória, com ambos os líderes sorridentes e com o presidente da Coreia do Sul a dizer ao seu homólogo: “Estou feliz por vê-lo.”
Ao encontrar-se na divisa, Moon disse: “Você veio para o sul, eu me pergunto quando posso ir para o norte”. Ao que Kim respondeu: “Talvez agora seja uma boa hora para você vir”, e o levou pelas mãos para o lado norte da demarcação, em um gesto que não estava previsto, segundo explicou o porta-voz presidencial de Seul.
“Foi uma decisão muito corajosa de sua parte vir até aqui”, afirmou Moon. Ele acrescentou que os dois líderes “estavam fazendo história”.
Após a reunião, Kim e Moon assinaram um comunicado conjunto que teve como um dos pontos principais o objetivo comum da “desnuclearização completa” da Península Coreana.
“As duas Coreias reafirmam e concordam em aderir estritamente ao Acordo de Não Agressão que impede o uso da força em qualquer forma”, diz o documento.
Ambos os governos também concordam em realizar encontros trilaterais envolvendo os EUA, ou quadrilaterais envolvendo Washington e Pequim, com a intenção de “declarar um fim à Guerra da Coreia e estabelecer um regime de paz sólido e permanente”.
Kim e Moon se comprometeram ainda a transformar a zona desmilitarizada entre as duas Coreias numa zona de paz a partir de 1º de maio e em cessar todos os atos de hostilidade entre ambos os lados.
As medidas anunciadas incluem ainda passos no sentido de modernizar vias que conectam o Norte e o Sul, um programa de reunião para famílias separadas pela guerra e mais contatos de alto nível entre Pyongyang e Seul.
Os dois governos vão coordenar esforços para assegurar que não “repetirão a história infeliz na qual acordos entre as Coreias fracassaram logo depois de começarem”, declarou Kim após a reunião com Moon. “Pode haver dificuldades e frustrações no nosso caminho, mas uma vitória não pode ser alcançada sem dor”, completou o líder norte-coreano.
Pelo Norte, participam do encontro também a irmã de Kim, Kim Yo-jong, cinco outros integrantes do politburo e os dois mais altos representantes militares. A cúpula ocorreu na chamada Peace House, na vila de barracões azuis de Panmunjom, dentro da zona desmilitarizada.
Kim afirmou que a zona desmilitarizada que divide os dois países deve passar de um símbolo da divisão a um símbolo da paz. “O Norte e o Sul, que têm um sangue, uma língua, uma história e uma cultura, vão voltar a ser um só, pessoas de todas as gerações vão desfrutar da prosperidade”, declarou. (Com agências internacionais)