Parte dos caminhoneiros aposta na saída de Temer, mas o melhor para o País é a conclusão do mandato

A greve dos caminhoneiros é criminosa não apenas porque impede o direito de ir e vir do cidadão e promove o desabastecimento em todo o País, penalizando a população de forma indistinta, mas por arrastar o coro daqueles que apostam na eventual derrubada do governo do presidente Michel Temer como solução derradeira.

Quem defende esse tipo de ação é movido pela irresponsabilidade e come no cocho da ignorância, pois os problemas de uma nação democrática não podem ser resolvidos a fórceps. Ademais, o Estado Democrático de Direito precisa ser respeitado e preservado, sob pena de a democracia correr risco. Se existe a necessidade de mudança, que isso aconteça através das urnas eleitorais.

Na noite de domingo (27), alguns inconsequentes distribuíram mensagens alusivas a uma eventual renúncia de Temer, como se isso fosse verdade. Afirmava a mensagem que circulou nas redes sociais e nos aplicativos que o comandante do Exército estava no Sul, supostamente dando apoio a uma intifada, quando na realidade o general Eduardo Villas Boas estava em Brasília, onde participou de reuniões para discutir a crise que tomou conta do País.

Essa turba de idólatras da farda crê que a tomada do poder pelos militares é a única solução, mas ignoram que trata-se de golpe de Estado, algo deplorável em termos legais e democráticos. Na hipótese de a bizarrice em questão ser levada a cabo, nenhum militar resolverá o problema que afeta o Brasil, assim como não terá à disposição uma varinha de condão para contemplar as reivindicações dos caminhoneiros. Afinal, o Brasil não é conhecido por ser uma usina de milagreiros.

Em outro vértice do polígono dos intervencionistas há um fato importante a ser considerado. Uma eventual intervenção militar precisa ser combinada com antecedência com os militares, que não estão dispostos a isso. De nada adianta ficar despejando saliva sobre alguns generais de pijama que continuam sonhando com a era plúmbea.


No caso de Temer decidir deixar o cargo – tal hipótese sequer é cogitada até mesmo nas mais reservadas conversas palacianas –, não se pode fechar os olhos para uma questão importante: quem assumirá a Presidência da República? O primeiro na atual linha sucessória presidencial é o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é candidato à reeleição e por isso não assumiria o posto.

O segundo na linha sucessória da Presidência é o senador Eunício Oliveira (MDB-CE), também candidato à reeleição. O que o impede de assumir qualquer cargo no Executivo. Diante de tal impasse, caberia à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, assumir a Presidência da República. Acontece que Cármen Lúcia permanecerá no comando do STF até setembro próximo, quando passará o bastão a Dias Toffoli.

Conhecido por suas viscerais ligações com o Partido dos Trabalhadores, Toffoli ficaria à frente do Executivo federal por apenas três meses, cabendo-lhe a incumbência de transmitir o cargo ao próximo presidente eleito. Sem contar que o ministro do STF não é uma ode à competência.

O quadro acima mostra que, apesar da baixa popularidade de Michel Temer, permitir que o governo atual vá até o dia 31 de dezembro é a melhor saída. Lembrando que nas opções acima ninguém solucionaria o problema que há de exigir décadas de esforço de todos os cidadãos.

Há pessoas querendo tratar as mazelas nacionais como se o Brasil fosse versão agigantada de um forte apache. Tudo resolvido com rapidez e eficácia, sempre no embalo do totalitarismo travestido de falsa democracia, especialidade dos militares de outrora.

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