Bolsonaro negocia com corrupto do Mensalão, mas denúncia contra o “dono” do PR pode atrapalhar

Representante da extrema direita nacional e presidenciável do PSL, o deputado federal Jair Bolsonaro, que defende a solução dos problemas na base da força e da truculência, parece estar rasgando o próprio discurso. Mesmo assim, seus eleitores parecem não perceber o óbvio.

Sempre pronto para criticar os escândalos de corrupção protagonizados por políticos e partidos, até porque essa é sua bandeira de campanha, Bolsonaro conquistou espaço na corrida presidencial por causa de um discurso moralista e supostamente renovador, mas não é isso que vem acontecendo nos bastidores da campanha. Dependendo de mais tempo de televisão para levar seu projeto político adiante, Jair Bolsonaro continua flertando com o Partido da República, o PR, legenda que participou diretamente de todos os governos petistas.

Não obstante, Bolsonaro vem negociando uma eventual aliança com o “dono” do PR, Valdemar Costa Neto, conhecido como “Boy”, condenado a 7 anos e 10 meses de prisão na Ação Penal 470 (Mensalão do PT) por envolvimento no primeiro grande escândalo de corrupção da era petista. Em maio de 2016, Costa Neto teve a pena perdoada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que acolheu recomendação da Procuradoria-Geral da República.

Causa espécie o fato de Bolsonaro estar quase genuflexo diante de um partido político que não apenas serviu de forma obediente aos governos do PT, mas participou do criminoso esquema de mesadas que garantiu apoio ao então presidente Lula no Congresso Nacional.

Considerando que no Brasil o tempo de televisão é fator preponderante em qualquer campanha eleitoral, Bolsonaro depende da aliança com o PR, do contrário terá apenas 8 segundos diários para defender sua candidatura. Por outro lado, com o PR esse tempo passa de 2 minutos. Ou seja, Bolsonaro quer se eleger a qualquer custo, mesmo que seja com o apoio de um político conhecido por escândalos.

Como se não bastasse, Jair Bolsonaro, durante encontro com empresários em São Paulo, disse que, se eleito, não terá dificuldade para distribuir cargos no governo para garantir a aprovação de medidas de estímulo à economia. Porém, não se pode esquecer que esse criminoso modelo batizado como “presidencialismo de coalizão”, adotado pelos últimos governos, fomentou sobremaneira a corrupção, pois partidos se apoderaram de ministérios e autarquias com direito à chamada “porteira fechada”. E o resultado dessa irresponsabilidade todos conhecem.


Em recente entrevista ao jornal “O Globo”, o presidenciável do PSL, ao tentar justificar a negociação com Costa Neto, disse: “Se o Magno Malta ou o PR quiser indicar, vou ter 15 ministros, se ele indicar 15 caras competentes, a gente bota. Se tem alguém melhor que o Paulo Guedes, a gente tira o Paulo Guedes. Tem alguém melhor que general Augusto Heleno para a Defesa? Se tiver, a gente troca — disse o presidenciável”. Resumindo, Bolsonaro não descarta adotar o que sempre criticou a partir da tribuna da Câmara dos Deputados: o loteamento ministerial e o fisiologismo político.

Ainda a negociação… Uma exigência de Bolsonaro pode inviabilizar a tão sonhada aliança. O candidato ao Palácio do Planalto exige que o PR não faça coligação com o PT nos estados, algo que Costa Neto dificilmente aceitará. Quem conhece o ex-mensaleiro sabe que seu pragmatismo político fala mais quando o assunto é conquistar espaço no poder.

No contraponto, Jair Bolsonaro sairia perdendo se os almejados 2 minutos de televisão fossem consumidos por explicações sobre as trampolinagens do dono do Partido da República.

Pau para toda obra

Há outro detalhe que pode deixar Jair Bolsonaro em situação de dificuldade perante os eleitores. Crítico contumaz e ácido dos homossexuais e da polemica “cartilha gay”, o candidato do PSL terá problemas se levar adiante a aliança com o PR. Não se pode esquecer o entrevero entre Bolsonaro e o deputado Jean Wyllys, no plenário da Câmara, durante votação do impeachment de Dilma Rousseff.

Ex-mulher de Valdemar Costa Neto, a socialite Maria Christina Mendes Caldeira, atualmente radicada nos Estados Unidos, revelou ao editor do UCHO.INFO, em meio ao furacão provocado pelo Mensalão do PT, detalhes da sua vida íntima com o dono do PR. Estarrecedoras, as declarações eram de cunho íntimo e por isso não foram publicadas, pois não é linha editorial deste noticioso.

Contudo, doze anos depois, Mendes Caldeira resolveu tornar público o contundente relato, que pode ser conferido em seu perfil no Facebook (publicado em 22 de junho, às 22h10). “Atrás do conto de fadas existia de fato uma ‘hidden’ agenda, o que me moveu foi ter uma família, o que o moveu foi ter uma primeira-dama, uma mulher de fachada para encobrir vários desvios éticos ou sexuais”, escreveu Maria Christina na rede social.

“Durante a CPI (dos Correios), Roberto Jefferson me apresentou uma foto do Valdemar com uma prostituta e cocaína, queria que eu apresentasse durante o meu depoimento. Eu neguei”, emendou a ex-mulher de Costa Neto. “Lembrei dos filmes com travestis que ele adorava e me traziam nojo…”