Em entrevista falaciosa, Doria diz ser “gestor”, mas ignora escândalo da PPP da Iluminação

Pré-candidato do PSDB ao governo paulista, João Agripino da Costa Doria Junior, que deixou a prefeitura de São Paulo depois de quinze meses de mandato, pouco fez no comando da maior cidade do País, mas, mesmo assim, gazeteia feitos que os munícipes continuam procurando.

Em entrevista à rádio Jovem Pan, na quarta-feira (11), Doria, ao ser sabatinado por jornalistas, disse que sua gestão foi “eficiente, renovadora e inovadora”. É preciso saber o que de fato o candidato tucano ao Palácio dos Bandeirantes entende por esses vernáculos, pois na cidade o que mais se viu foi um “festival de espuma”, sem qualquer benefício ao cidadão. Aliás, muitas das promessas de campanha feitas por João Doria não forma cumpridas.

Quem conhece razoavelmente a cidade de São Paulo sabe que a entrevista do ex-prefeito à Jovem Pan foi falaciosa, uma vez que a capital paulista tem diversos sinais de abandono, inclusive nos pontos mais visitados e de maior circulação. Na cidade faltam lixeiras e muitos locais estão às escuras.

Perguntado se o fato de ter abandonado o mandato de prefeito não o torna um político profissional, algo que sempre condenou, Doria disse que é um “gestor e administrador”. De acordo com o respeitado Dicionário Houaiss, gestor é “aquele que gerencia bens ou negócios de outrem”.

Assim como qualquer brasileiro ou cidadão que vive no País, João Doria tem direito à livre manifestação do pensamento, de acordo com a Constituição de 1988, mas é impossível aceitar uma declaração dessa natureza, pois a realidade dos fatos aponta na direção contrária.


Quando perguntado sobre privatizações e parcerias público-privadas, Doria discorreu superficialmente sobre o tema, mas por conveniência preferiu passar ao largo do escândalo que marcou a PPP da Iluminação Pública, alvo de denúncia de corrupção para favorecer o consórcio vencedor (FM Rodrigues/Consladel).

Para quem se apresenta como gestor e administrador, Doria é a personificação do fiasco, pois o processo de licitação da PPP da Iluminação foi marcado por escândalos e desmandos, todos de conhecimento do então prefeito, que nada fez para impedir os ilícitos. Pelo contrário, fingiu ignorar as transgressões, como se estivesse a ser beneficiado na operação (o UCHO.INFO não está afirmando que o tucano foi beneficiado).

O escândalo da PPP da Iluminação Pública de São Paulo é muito maior do que foi noticiado, sendo que em breve novos capítulos desse imbróglio mostrarão à opinião pública o “gestor” que tenta se eleger para decidir o futuro dos paulistas.

Dono de pensamento articulado e discurso fácil, Doria é um gazeteiro profissional que enriqueceu de forma lícita, mas não pode jactar-se de ser um administrador após ter fechado os olhos para o escândalo de corrupção que marcou sua gestão e rendeu algumas demissões.

Muito estranhamente, o então responsável pela Secretaria de Serviços e Obras de São Paulo, Marcos Penido, próximo a Doria e responsável pela PPP da Iluminação, manteve-se no cargo mesmo após o escândalo. Na sequência, com a saída de João Doria da prefeitura, Penido foi transferido para a Secretaria das Prefeitura Regionais, mas levou na bagagem o processo de licitação da PPP da Iluminação. Uma decisão estranha do atual prefeito Bruno Covas, que por enquanto respondeu aos questionamentos deste noticioso.