Alckmin opera nos bastidores e consegue o apoio do “Centrão”, que tem políticos acusados de corrupção

Ex-governador de Minas Gerais, José de Magalhães Pinto é autor da frase que tão bem explica o dinamismo bisonho da política nacional. “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Você olha de novo e ela já mudou”, profetizou o político mineiro.

Na quarta-feira (18), o ex-governador Geraldo Alckmin, presidente nacional do PSDB e candidato da legenda à Presidência da República, deparava-se com um horizonte político carrancudo que persistia há algumas semanas. A situação era tão dramática, que a substituição de seu nome pelo de João Doria Junior foi ventilada algumas vezes.

Nesta quinta-feira (19), Alckmin olhou para o céu e percebeu que a nuvem havia mudado, dando novos contornos ao horizonte antes assustador. O chamado “Centrão”, grupo que reúne partidos de centro e centro-direita, bateu o martelo e anunciou apoio à candidatura de Geraldo Alckmin ao palácio do Planalto.

Dirigentes do Democratas, PP, PR, PRB, PHS, Avante e Solidariedade decidiram embarcar na candidatura de Alckmin, mas essa aliança precisa ser aprovada nas respectivas legendas através de votação. A confirmação oficial do apoio ocorrerá nas convenções nacionais de cada partido, cujo prazo final é 5 de agosto. Até lá, o presidenciável Ciro Gomes, do PDT, terá tempo para tentar implodir o acordo, algo difícil depois de suas recentes e estapafúrdias declarações.


Como a política nacional é movida pelo fisiologismo, para a infelicidade geral da nação, o apoio a Alckmin não foi decidido à sombra da ideologia. Os dirigentes dos mencionados partidos apresentaram uma lista de reivindicações e exigiram a escolha do empresário Josué Gomes da Silva, dono da Coteminas, como candidato a vice. Josué é filho de José Alencar, que foi vice de Lula nos dois mandatos do petista.

Referendada aliança, que já é alvo de comemorações antecipadas e indevidas, Geraldo Alckmin terá considerável tempo de televisão para convencer os eleitores de que é o melhor candidato para conduzir o País a partir de janeiro de 2019. O tucano terá mais de cinco minutos diários de propaganda eleitoral na televisão, tempo mais que suficiente para empreitada política dessa magnitude.

Se por um lado o radical Jair Bolsonaro enfrenta dificuldades para conseguir um candidato a vice, situação que o deixa no isolamento, por outro o tucano Geraldo Alckmin mostra que nos bastidores do poder o seu forte é articulação política. Depois de André Franco Montoro e Orestes Quércia, ex-governadores de São Paulo, Alckmin é considerado um dos melhores articuladores da terra dos bandeirantes.

Mesmo assim, aliar-se a partidos comandados por políticos como Valdemar Costa Neto, Paulo Pereira da Silva (Paulinho da Força) e Ciro Nogueira não é motivo para comemoração. O trio é conhecido por protagonizar escândalos de corrupção e outros delitos.