O que para muitos pode ser uma aberração política, para alguns é um alento, ou então, o que em termos nacionais é passível de condenação, regionalmente é sinônimo de redenção. Apesar de compreender tal cenário, o UCHO.INFO não comunga dessa ideia, mas cumpre o compromisso de informar com base na realidade dos fatos.
Condenado à doze anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem e dinheiro, o ex-presidente Lula, que cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, está inelegível com base na Lei da Ficha Limpa, mas ainda tem seu nome cita em pesquisas eleitorais, como se pudesse participar da corrida presidencial.
No Maranhão, mais miserável estado da federação, Lula lidera a disputa ao Palácio do Planalto com 66% de intenção de voto, de acordo com pesquisa do Instituto Exata, cujos resultados foram divulgados na terça-feira (24) pelo Jornal Pequeno. Em segundo lugar aparece o deputado federal Jair Bolsonaro, candidato do PSL, com 13%, seguido de Marina Silva (Rede) com 6%, Ciro Gomes (PDT) com 4%, Geraldo Alckmin (PSDB) com 2%, e Alvaro Dias (Podemos) com 1%.
A insistência dos institutos de pesquisa em manter o nome de Lula nos levantamentos serve apenas para evitar que o PT sofra uma desidratação ainda maior do que a prevista pelos analistas políticos. Considerando-se que nas eleições municipais de 2016 o PT encolheu 60%, em outubro próximo o encolhimento tende a ser igual ou maior. A se confirmar essa previsão, o PT terá sérios problemas financeiros a partir do próximo ano, pois o cálculo do fundo partidário é feito com base no número de deputados federais eleitos.
Voltando ao Maranhão… Na terra do arroz com cuxá, nem tudo acontece no universo da lógica, principalmente quando o assunto é política. Herdeiro da oligarquia Sarney, que ao longo de cinco décadas levou o Maranhão ao atraso, o deputado estadual Adriano Sarney mostrou que é um estabanado em questões políticas. No último final de semana, Adriano, durante evento político, afirmou que sua tia, Roseana Sarney, é a “Lula do Maranhão”.
Filho do deputado federal Zequinha Sarney, Adriano é incapaz de avaliar compromissos partidários e alianças políticas. Gostem ou não os maranhenses, o clã Sarney é aliado do presidente Michel Temer, um dos caciques do MDB, partido de Roseana e do caudilho-mor do Maranhão. Lula, por sua vez, é aliado de primeira hora do atual governador do estado, o comunista Flávio Dino, que tentará a reeleição.
Como noticiou o jornalista John Cutrim em sua coluna no Jornal Pequeno, Roseana Sarney trabalhou nos bastidores pelo impeachment da petista Dilma Rousseff, porque na ocasião vislumbrava a possibilidade de faturar com a chegada de Temer ao principal gabinete do Palácio do Planalto.
Por mais que Lula lidere as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial, ser comparado ao petista não é um elogio, pelo contrário. Até porque, o ex-metalúrgico foi responsável pelo maior e mais ousado esquema de corrupção da história da Humanidade, o Petrolão, cumpre pena de prisão na esteira da Operação Lava-Jato e aguarda novas condenações. Por outro lado, Roseana Sarney, que está longe de ser um poço de probidades, não é uma referência para Lula. Em suma, esse chumbo trocado sugerido pelo sobrinho Adriano Sarney foi o que muitos chama de tiro no pé, talvez pela culatra.