Editor do “The New York Times” vê perigo em ataques de Donald Trump à imprensa

O editor do jornal “The New York Times”, A.G. Sulzberger, afirmou no domingo (29) que pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que reconsidere seus ataques à imprensa e disse que a retórica adotada por ele é “divisória e cada vez mais perigosa”.

Em comunicado, Sulzberger afirmou que decidiu comentar publicamente o encontro que teve com Trump em 20 de julho, na Casa Branca, depois de o republicano ter se referido à reunião em postagem no Twitter, horas antes.

“Tive um encontro muito bom e interessante na Casa Banca com A.G. Sulzberger, publisher do New York Times. Passamos muito tempo falando sobre a grande quantidade de fake news sendo liberada pela mídia & como esse fake news se converteu na expressão ‘Inimigo do povo’. Triste!”, escreveu Trump.

Sulzberger afirmou que os assessores de Trump haviam lhe solicitado para que o encontro, que ocorreu a pedido do presidente, não fosse tornado público. Ele disse que sua principal razão para aceitar o convite foi “expressar suas preocupações sobre a retórica anti-imprensa profundamente preocupante do presidente”.

“Eu disse diretamente ao presidente que eu penso que esse linguajar não apenas é divisório, mas cada vez mais perigoso. Eu o alertei de que estava pondo vidas em risco, minando os ideais democráticos de nossa nação”, acrescentou.

Sulzberger escreveu que disse a Trump que a expressão “fake news” é falsa e danosa e que se preocupa ainda mais quando ele chama jornalistas de inimigos do povo. “Alertei que esse linguajar inflamatório está contribuindo para um aumento nas ameaças a jornalistas e levará à violência.”


Ele também disse ter deixado claro que não estava pedindo ao presidente para amenizar seus ataques ao NYT, um dos principais alvos das críticas de Trump, que costuma se referir ao diário nova-iorquino como “falido”. “Implorei-lhe que reconsiderasse os seus vastos ataques ao jornalismo, que considero perigosos e prejudiciais ao nosso país”, disse.

O presidente costuma atacar jornais e sites que publicam matérias sobre ele e sua administração que o desagradam. Muitas vezes chama os veículos e os jornalistas de inimigos do povo e os acusa de difundirem notícias falsas. O termo “fake news” costuma ser usado para se referir a qualquer matéria que lhe desagrade.

A postagem de Trump no Twitter sobre seu encontro com Sulzberger colocou mais uma vez em evidência as tensões que existem entre o governo dos Estados Unidos e as empresas de comunicação.

Na semana passada, a Casa Branca impediu uma repórter da CNN de participar de um evento com Trump. A correspondente, Kaitlan Collins, disse que foi barrada porque, no dia anterior, havia feito perguntas a Trump que o desagradaram.

A Casa Branca afirmou que Collins foi barrada porque se recusou a deixar o Salão Oval apesar de pedidos insistentes para fazê-lo. Outros jornalistas que estavam no local discordaram dessa versão.

A Associação de Correspondentes da Casa Branca condenou a medida com veemência, e até a emissora Fox News, que é simpática aos republicanos e costuma apoiar as políticas de Trump, se uniu às críticas e expressou solidariedade com a CNN. (Com agências internacionais)