Decisão de Ana Amélia provoca reviravolta na eleição gaúcha e deixa Bolsonaro sem palanque no RS

Ao aceitar o convite para ser candidata a vice na chapa de Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB, a senadora Ana Amélia Lemos (PP) provocou uma reviravolta no cenário eleitoral do Rio Grande do Sul, que certamente levará alguns dias para ser assimilada pelos adversários.

Inicialmente pré-candidata do Partido Progressista ao Palácio Piratini, sede do Executivo gaúcho, com largas chances de vitória, Ana Amélia foi inexplicavelmente preterida pelo partido e retomou o projeto de buscar novo mandato no Senado. E sua reeleição era tida como certa, até porque sua atuação na Câmara Alta sempre foi merecedora de elogios, inclusive de adversários.

Diante do novo cenário, o PP optou por participar da disputa pelo governo gaúcho com o deputado federal Luís Carlos Heinze, decisão que não convenceu muitos políticos da terra de chimangos e maragatos. Até porque, a possibilidade de Heinze chegar ao Piratini era considerada pequena.


Com Ana Amélia na condição de vice de Alckmin, decisão anunciada nesta quinta-feira (2), o PP abre mão da disputa pelo governo do Rio Grande do Sul e passa apoiar o candidato do PSDB, Eduardo Leite, ex-prefeito de Pelotas. Heinze, por sua vez, concorrerá ao Senado, ocupando o espaço deixado por Ana Amélia. Tudo natural no tabuleiro da política, mesmo que para alguns esses movimentos inesperados pareçam inexplicáveis.

Para aqueles que acreditam que Ana Amélia errou ao aceitar o convite de Alckmin, em termos políticos a senadora gaúcha acertou. Primeiro porque ela troca a visibilidade política regional pela nacional, mesmo com ativa participação nas redes sociais. Além disso, no cenário local a senadora causou algumas mudanças importantes no quadro eleitoral, como já mencionado.

A retirada da candidatura de Luís Carlos Heinze ao governo gaúcho é uma derrota para Jair Bolsonaro no estado, onde o candidato do PSL fica sem palanque. Heinze não apenas havia selado aliança com o PSL, mas era entusiasta da candidatura de Bolsonaro, que não contava com a simpatia de Ana Amélia. E o PP não apoiará Jair Bolsonaro.

Ao mesmo tempo, com o novo quadro, há o risco de o Democratas, que estava na aliança de Heinze, migrar para a candidatura do tucano Eduardo Leite. Considerando que o DEM integra o chamado “Centrão”, grupo partidário que apoia a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência, essa hipótese não deve ser descartada. Isso faria com que Bolsonaro só pudesse contar com o apoio isolado do democrata gaúcho Onyx Lorezoni.