Michel Temer (MDB) nem de longe é o presidente dos sonhos, mas creditar ao emedebista a responsabilidade pela crise econômica atual e todas as suas derivações é misto de ignorância e leviandade de quem o faz. Não se trata de defender Temer, que deve ser responsabilizado por seus atos, o que compete à Justiça, mas é preciso reconhecer que a situação só não é pior porque de alguma maneira o atual governo conseguiu evitar que a economia fosse pelos ares.
Candidato do MDB à Presidência da República, apesar de não contar com o apoio declarado do partido, Henrique Meirelles insiste em se afastar da figura de Temer, como forma de não contaminar sua candidatura, que continua patinando na seara de 1% de intenção de voto. Na opinião do UCHO.INFO, fosse o Brasil razoavelmente sério em termos políticos, Meirelles seria um bom governante consideradas as dificuldades enfrentadas pelo País.
Por outro lado, Henrique Meirelles erra sobejamente ao usar no piloto do seu programa de TV a imagem de Lula, que tece elogios ao então presidente do Banco Central. No vídeo, que ainda está em fase de análise, Meirelles se apresenta como responsável pelo êxito da economia na era Lula.
Não há como ignorar a competência de Henrique Meirelles como economista, mas é preciso reconhecer que a política econômica de Lula, que acabou seguida por Dilma, transformou-se em um voo de galinha, que acabou na panela de pressão.
Se Meirelles tivesse algum tipo de ingerência na política econômica do governo Lula, teria alertado o então presidente da República para o perigo que representa estimular a economia na esteira do crédito fácil, sem a devida geração de riqueza por parte do cidadão. Também teria dito a Lula que reduzir, da noite para o dia, a alíquota do IPI em alguns setores da economia levaria à bancarrota estados e municípios, como de fato aconteceu. Afinal, na composição do IPI há uma parcela que compete aos estados e outra, aos municípios. Em suma, Lula fez cortesia com o chapéu alheio.
Que Michel Temer é o presidente mais impopular da história nacional todos sabem, mas dar-lhe as costas, mesmo que isso seja normal na política, é traição. E se alguém deu a Meirelles a oportunidade de mostrar que era possível consertar o estrago promovido pelo PT, esse foi Temer. Apesar disso, contrariando a lógica, Meirelles prefere agarrar-se à imagem de um político preso por corrupção e lavagem de dinheiro.
A mercadoria que mais abunda na política é a vaidade, algo incontrolável e que muitas vezes leva seus atores a derrotas inexplicáveis e desnecessárias. Henrique Meirelles sabe, não é de hoje, que reduzidíssimas sempre foram suas chances de subir a rampa do Palácio do Planalto para receber a faixa presidencial. Mesmo assim, por mera vaidade, decidiu desembolsar R$ 70 milhões para bancar uma candidatura que dará em nada.
Melhor seria se Meirelles, com um terço desse valor, demonstrasse sua preocupação com o futuro do País concorrendo a uma vaga no Senado, onde poderia colocar seu vasto conhecimento na área econômica a serviço do Brasil, propondo e aprovando medidas de estímulo à economia.
