Senador americano John McCain morre aos 81 anos

Senador americano, herói da guerra do Vietnã e ex-candidato à presidência pelo Partido Republicano, John Sidney McCain III morreu neste sábado (25) após perder sua batalha contra o câncer, anunciou seu gabinete em comunicado.

Em 25 de julho de 2017, uma semana depois de seu diagnóstico de câncer ser divulgado, McCain retornou ao plenário do Senado dos Estados Unidos, onde trabalhou durante 30 anos. Na ocasião, ele proferiu um discurso notável, em que resumia o que acreditava e defendia ao longo de sua carreira militar e política única.

“Que causa maior podemos servir além de ajudar a manter o forte e inspirador papel dos Estados Unidos como polo de liberdade e defensor da dignidade de todos os seres humanos e de seu direito ao livre-arbítrio e à justiça igualitária?”, indagou McCain em seu elogiado discurso.

O papel único dos Estados Unidos no mundo foi o mantra de McCain, disse James Jeffrey, representante especial dos EUA na Síria, que serviu anteriormente aos presidentes George W. Bush e Barack Obama como vice-assessor de Segurança Nacional e embaixador na Turquia e no Iraque. Ele se encontrou pela primeira vez com McCain em 1990, na atual Conferência de Segurança de Munique, onde McCain liderava a delegação dos EUA.

“Ali, ficou claro, para mim, que ele tinha uma visão do papel dos EUA no mundo e da forma como o mundo funcionava que era diferente de qualquer outra autoridade americana – incluindo os dois presidentes para quem eu trabalhei diretamente”, disse Jeffrey, que chamou McCain de “o maior herói americano dos últimos 50 anos”.


Serviço militar e prisão no Vietnã

O que tornou a experiência de McCain tão singular foi, acima de tudo, o tempo antes de sua carreira política. O pai e o avô foram almirantes quatro estrelas, e John Sidney McCain seguiu a tradição da família, frequentando a prestigiosa Academia Naval da Marinha dos EUA e tornando-se piloto naval.

Quando os EUA fortaleceram seus esforços militares no Vietnã, ele se ofereceu para a luta. Seu avião foi abatido em 1967 sobre o Vietnã e, seriamente ferido, McCain foi para o cativeiro no então Vietnã do Norte. Por cinco anos e meio, ele permaneceu prisioneiro de guerra, tendo sido torturado repetidamente durante esse período.

Contra a linha partidária

Curiosamente, talvez a decisão mais importante de McCain como senador não tenha nada a ver com política externa ou de segurança.

Em meados de 2017, meio ano após o início da tumultuada presidência de Donald Trump, e logo após um tumor no cérebro ter sido diagnosticado em McCain, ele entregou o voto decisivo contra a abolição do programa de saúde “Obamacare”, numa sessão noturna do Congresso americano. A decisão de McCain foi um duro golpe para a liderança do Partido Republicano e para Donald Trump.

Em comunicado após sua votação no Congresso, McCain repreendeu seu próprio partido por estar interessado apenas na abolição do “Obamacare” sem poder oferecer nada melhor como alternativa. E então veio outra frase que resumia o temperamento de McCain: “Devemos fazer o trabalho duro que nossos cidadãos esperam e merecem”.

Nos últimos meses, McCain não havia estado mais no Senado, tendo permanecido em sua casa no estado do Arizona para a terapia de câncer. Apenas na última sexta-feira, sua família informou que o senador gravemente doente havia interrompido seu tratamento.

“O progresso da doença e a implacabilidade do envelhecimento proferiram o seu veredicto”, disseram os familiares. “Com a sua força de vontade habitual”, ele decidiu abandonar a quimioterapia. Um dia depois, John McCain morreu aos 81 anos ao lado de sua família. (Com Deutsche Welle)