Estratégia de Lula fracassa e Celso de Mello é o relator do novo pedido para derrubar decisão do TSE

Grande parte dos brasileiros perdeu a paciência com a milionária defesa de Lula, que não se cansa de apresentar recursos à Justiça no afã de tentar restabelecer o direito de o inelegível petista concorrer à Presidência da República. O que tecnicamente é impossível.

De nada adianta criticar de forma recorrente a insistência de Lula e seus advogados, pois assim funcionam os regimes democráticos. E a legislação vigente no País permite a interposição de recursos. O que por um lado é positivo, pois derruba a tese esdrúxula de que Lula é vítima de perseguição política e caçada judicial, mandando pelos ares a decisão liminar do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que recomendou ao governo brasileiro a participação do ex-metalúrgico na corrida presidencial.

Pois bem, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi escolhido na noite de quarta-feira (5) relator de novo pedido apresentado pelos advogados do petista-mor, que objetiva derrubar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que rejeitou o registro da sua candidatura, por 6 votos a 1, com base na Lei da Ficha Limpa e o impediu de participar do horário eleitoral gratuito, como candidato, no rádio e na televisão. Mesmo assim, o PT, alguns dias após a decisão, desafiou o TSE e nos programas eleitorais do partido apresentou Lula como candidato.

O PT apostou todas as fichas em uma estratégia arriscada, que acabou fracassando por conta de um pedido de habeas corpus em favor de Lula protocolado, na última segunda-feira (3), por uma advogada de Brasília. Como a advogada não integra a defesa oficial de Lula, o ministro Celso de Mello rejeitou o habeas corpus. Esse episódio fora do script fez com que Mello fosse escolhido como relator prevento do novo pedido apresentado pelos advogados do petista.


O PT torcia para que a petição aterrissasse no gabinete de Ricardo Lewandowski, conhecido por suas viscerais ligações com o ex-presidente, ou no de Marco Aurélio Mello, mais flexível ao interpretar as leis. Contudo, o tiro acabou “saindo pela culatra”. Celso de Mello, o decano da Corte, é conhecido por ser um garantista “linha dura”, o que já desanimou a cúpula do partido.

Qualquer pessoa no lugar de Lula – e com condições idênticas – faria o mesmo, mas é preciso compreender que o País está a quatro semanas da mais complexa eleição das últimas décadas e permitir a perpetuação do clima de incerteza é sinal de irresponsabilidade.

A recrudescência de Lula em torno de uma candidatura sabidamente impossível aponta na direção de algo que há muito deixou o campo da estratégia político-partidária e ingressou na seara da obsessão doentia. Além disso, coloca o PT em situação de dificuldade ainda maior, pois a substituição de Lula por Fernando está marcada para o próximo dia 11 de setembro, pelo menos por enquanto. Esse bamboleio jurídico mostra de maneira incontestável que o partido caminha cada vez mais desunido rumo à corrida presidencial. A radiografia desse momento de cizânia somente as urnas de outubro serão capazes de captar.

Eleições de lado, Lula deve aos brasileiros uma explicação minimamente plausível sobre como consegue custear uma equipe de advogados caros e badalados, considerando que ele próprio afirma receber R$ 30 mil mensais e que jamais se beneficiou do Petrolão. Em relação às questões relacionadas à sua candidatura, o PT não pode usar o fundo partidário para custear advogados para defender criminosos, pois a lei proíbe esse tipo de despesa. Em suma, ou Lula já não consegue se desvencilhar da mitomania, por isso emenda uma mentira na outra, ou descobriu a receita do milagre da multiplicação.