Ao descartar privatização do BB, Caixa e Petrobras, Bolsonaro fecha seu “Posto Ipiranga”

O “Posto Ipiranga” de Jair Bolsonaro está prestes a fechar. Não porque o presidenciável do PSL impôs a lei da mordaça ao economista da sua campanha, obrigando o ultraliberal que caiu nas graças do mercado financeiro a cancelar palestras e entrevistas e a abrir mão de suas caminhadas matinais à beira-mar, no Rio de Janeiro.

Quando Bolsonaro desautorizou Paulo Guedes, o UCHO.INFO afirmou que o economista deveria bater em retirada, antes que sua biografia fosse atingida pelo destempero comportamental do candidato. Não demorou muito e o que prevíamos acabou acontecendo. Guedes, além de ser escanteado pelo presidenciável, viu seu discurso como futuro poderoso ministro da área econômica ir pelos ares em questão de dias.

Paulo Guedes “vendeu” ao mercado a ideia de que o déficit fiscal do País seria solucionado em apenas um ano com a venda de ativos da União, incluindo a Petrobras, Eletrobrás, Banco do Brasil, Caixa, outras estatais e imóveis espalhados Brasil afora.

O plano de Paulo Guedes prevê arrecadar R$ 1 trilhão em doze meses, como se o Congresso Nacional não existisse. Quando a proposta surgiu. Este noticioso afirmou que Guedes era um neófito em política e desconhecia o modus operandi do Parlamento federal. Ou seja, seu plano fracassaria no quesito tempo.


Enquanto a promessa de Guedes ainda ecoava, mesmo perdendo força, Jair Bolsonaro, em vídeo divulgado na segunda-feira (1), não deixou dúvidas a respeito das suas intenções na área econômica, assunto que o candidato já admitiu publicamente não entender. Discordando do projeto privatizante do economista, Bolsonaro assegurou que não privatizará a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa e a Eletrobrás. Quem faz o alerta é o economista Maílson da Nóbrega, em seu blog.

O cavalo de pau de Bolsonaro na área econômica acontece no momento em que o presidenciável do PSL aparece com certa folga na liderança das pesquisas eleitorais, o que, de certa forma, pode não provocar preocupação no eleitorado.

A prevalecer a estratégia estatizante de Jair Bolsonaro, caso eleito, a economia brasileira tende a permanecer no atual patamar de crise, correndo o risco de piorar. Isso porque se as estatais acima forem preservadas, o governo federal terá a oferecer à iniciativa privada um conjunto de estatais pouco interessantes, ou seja, que renderão recursos além das necessidades do Estado.

Alguém pode alegar que esse discurso estatizante serve para atrair eleitores indecisos, mas que mais logo Bolsonaro retomará o projeto econômico original. A se confirmar essa análise, estaremos diante de um estelionato eleitoral, algo que o candidato vem criticando desde antes da campanha.