Após afobação de Onyx, Previdência obrigará o governo a enfrentar o MDB no comando da CCJ do Senado

Como sempre afirma o UCHO.INFO, política é um jogo bruto que diante do tabuleiro só devem sentar-se aqueles com habilidade suficiente para enfrentar os adversários. Como em qualquer jogo, na política é preciso blefar e, acima de tudo, fazer uso da estratégia, ou seja, não se pode querer ganhar de largada.

Ao insistir que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, é um destrambelhado em termos de articulação política, este noticioso não faz tal afirmação porque torce contra o governo Bolsonaro, pelo contrário. O faz porque Lorenzoni, um conhecido representante do baixo clero da Câmara dos Deputados, age de maneira afoita na tentativa de chamar para si o máximo de poder no âmbito do governo federal.

Depois de quatro mandatos como deputado federal, o chefe da Casa Civil deveria saber que esse comportamento é similar a uma bomba-relógio armada, prestes a explodir a qualquer momento. Quando apostou todas as fichas na candidatura de Davi Alcolumbre (DEM-AP) para a presidência do Senado, Lorenzoni não levou em conta que o MDB de Renan Calheiros, derrotado na disputa, comandará a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa legislativa.

Não importa que a chance de Calheiros comandar a CCJ é quase nula, mas o simples fato de o MDB estar à frente da comissão por onde passam todas as matérias antes de chegarem ao plenário é motivo suficiente para o governo se preocupar e tentar uma aproximação urgente com o senador alagoano.


O sinal de alerta acendeu no Palácio do Planalto, que se movimentou com rapidez. Líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP) disse aos senadores que o chefe da Casa Civil não agiu em nome do presidente Bolsonaro.

Na política, como em alguns setores da vida, a vingança é um prato que se come frio. E nesse quesito Renan Calheiros é um especialista, como comprova seu vasto currículo. Como o governo de Jair Bolsonaro depende da aprovação da reforma da Previdência no Congresso para evitar a chiadeira da população, a matéria terá de cumprir o rito normal na Câmara dos Deputados e no Senado, passando inclusive pela CCJ de ambas as Casas legislativas.

Resta saber se na CCJ do Senado o MDB dará ao Palácio do Planalto o troco por conta da bizarra atuação de Onyx Lorenzoni. Não se trata de apostar em derrota do governo na CCJ do Senado, mas em um cenário de dificuldade extra para mostrar aos palacianos como se joga na política.

Como afirmamos durante a conturbada disputa pela presidência do Senado comandar uma nação sob o manto da democracia não é fazer valer as próprias vontades, mas governar de acordo com as circunstâncias do momento, o que muitas vezes exige conviver com o inimigo. Até porque, tê-lo como falso aliado é mais vantajoso do que enfrentá-lo como adversário declarado. Em suma, ao governo Bolsonaro falta traquejo e humildade.