Prestes a ser “rifado” pelo presidente, Bebianno pode saber muito mais do que os palacianos gostariam

Defender Jair Bolsonaro de maneira quase doentia é um direito de qualquer cidadão que foge a realidade dos fatos, mas afirmar que o presidente da República é dono de competência à altura do cargo é querer passar recibo de tolice. Desde antes do início oficial da campanha eleitoral, o UCHO.INFO afirma não apenas que Bolsonaro é desprovido de capacidade para comandar o País, mas que representa mais do mesmo em termos políticos. Ou seja, seu embusteiro discurso de mudança serviu apenas para fisgar eleitores incautos.

A crise que já havia se instalado no Palácio do Planalto e fermentou de vez com a ingerência de Carlos Bolsonaro nos assuntos do governo mostra a incapacidade do presidente de lidar com situações de dificuldade, exigindo que terceiros tomem atitudes e decisões em seu lugar. No momento em que o chefe da nação delega a um filho descontrolado a tarefa de desautorizar publicamente um ministro de Estado, é porque o governo está acéfalo.

Jair Bolsonaro retornou a Brasília na quarta-feira (13) após alta médica, mas horas depois declarou que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, voltaria às origens caso ficasse comprovado seu envolvimento no escândalo das candidatas laranjas do PSL.

O presidente da República, por razões óbvias, já tem em mãos uma radiografia do caso do “laranjal” do PSL, fornecida pelo serviço de inteligência do governo, por isso decidiu levar adiante o processo de “fritura” de Bebianno, mas não se pode esquecer que Bolsonaro não é estreante na política e ingressou na legenda ciente do seu modus operandi. Em suma, a essa altura dos acontecimentos alegar desconhecimentos dos fatos é querer repetir o ex-presidente Lula, que jamais sabia das estripulias oficiais.


No âmbito do governo, questões espinhosas como a que envolve Gustavo Bebianno normalmente são resolvidas intramuros, mas Bolsonaro, temendo que seu verniz da falsa ética trinque a qualquer momento, preferiu lavar a roupa suja em público. Algo pouco recomendável para um governo que sequer completou dois meses.

Na política, em especial na brasileira, decisões de afogadilho nem sempre proporcionam um bom desfecho, como mostra a recente história nacional. Por isso recomenda-se cautela no trato dos temas políticos, principalmente nos bastidores, onde o jogo é bruto e para valer.

Gustavo Bebianno, que foi chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro, o filho “incendiário” do presidente da República, já avisou que não pedirá demissão, mas a qualquer momento pode mudar de opinião. Mesmo assim, o secretário-geral da Presidência está disposto a testar Bolsonaro e vender caro sua saída do governo, onde não tem condições de continuar depois do espetáculo pífio e preocupante que tomou a cena na quarta-feira.

Jair Bolsonaro tem o direito de acreditar que pelo fato de ter chegado à Presidência tornou-se inatingível, mas não é essa a realidade que impera nos subterrâneos da política verde-loura. Além disso, como já noticiamos em matéria anterior, não se deve descartar a possibilidade de Bebianno saber muito mais do que deveria. E se esse quadro se confirmar, Bolsonaro está mais vulnerável do que muitos imaginam.