Governador do RJ diz que suspeitos presos no caso Marielle Franco “podem pensar na delação premiada”

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse que os suspeitos presos nesta terça-feira (12) por envolvimento no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes “poderão pensar na delação premiada” para que a investigação chegue finalmente aos mandantes do crime que está prestes a completar um ano.

Witzel reuniu autoridades da Polícia Civil fluminense e os delegados responsáveis pelo inquérito para apresentar o resultado do que classificou como primeira fase da apuração do crime, que pode não avançar caso os suspeitos decidam não colaborar com as investigações. Uma eventual segunda teria o objetivo de chegar aos mandantes do assassinato da ex-vereadora do PSOL.

O governador do Rio de Janeiro comemorou a “resposta dada à sociedade”, mas na opinião do UCHO.INFO é cedo demais para essa efusividade, uma vez que a rede de pessoas envolvidas direta e indiretamente no crime pode ser maior do que se imagina.

O delegado Giniton Lages, responsável pelo inquérito, disse que a investigação ouviu 230 testemunhas, interceptou 318 linhas telefônicas e chegou a um complexo rastro de vestígios deixados pelos suspeitos.

“Foi uma execução sofisticada e que não teve erro por parte dos criminosos. Eles não desceram do carro em nenhum momento, não fizeram ligação, não deram oportunidade para que a investigação chegasse até eles”, disse Lages.


Afirmando que nenhuma linha de investigação está afastada para a segunda fase do inquérito, o delegado disse que a testemunha que tentou vincular o vereador Marcello Siciliano e Orlando Curicica mudou seu depoimento e poderá ser responsabilizado por falsa comunicação de crime. “Mesmo assim, não afastamos a possibilidade de Siciliano nem de ninguém na segunda fase da apuração.”

Ronie Lessa, policial militar reformado, e Élcio Vieira de Queiroz, expulso da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foram denunciados por homicídio qualificado e tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, uma das assessoras de Marielle Franco que também estava no carro no dia do crime. A prisão de ambos é resultado de uma operação conjunta do Ministério Público fluminense, através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Além dos mandados de prisão, a Operação Lume cumpre mandados de busca e apreensão em endereços dos dois acusados para apreender documentos, celulares, computadores, armas, munições e outros objetos.

Na entrevista coletiva, que durou aproximadamente duas horas, o delegado Giniton Lages revelou que, nos meses que antecederam o crime, Lessa fez várias pesquisas na internet sobre a rotina de Marielle Franco, mas também sobre o então deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e sua família. De acordo com o delegado, Lessa, que tem obsessão por políticos de esquerda, demonstrava ódio dos parlamentares por conta de ideologia política.