Morre no Rio de Janeiro, aos 74 anos, o polêmico Eurico Miranda, ex-presidente do Vasco da Gama

Morreu na manhã desta terça-feira (12), no Rio de Janeiro, Eurico Miranda. Ex-presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama, Eurico, 74 anos, faleceu em decorrência de complicações de um câncer no cérebro. Polêmico, provocador e colecionador de desafetos e admiradores, o cartola deixa a esposa Sylvia, os filhos Eurico Brandão, Álvaro Miranda, Mário Ângelo Miranda e Sylvia Miranda, além de oito netos.

Eurico Miranda lutava há dez anos contra tumores em diversas partes do corpo, o que o obrigou a se afastar do comando do Vasco da Gama em várias ocasiões durante seu último mandato (2015 e 2017).

Presidente do cruz-maltino carioca em dois períodos (2001-2008 e 2014-2017), Eurico experimentou a glória como dirigente do clube na vice-presidência de futebol da gestão Antônio Soares Calçada (1986-2000). Nesse período, o Vasco conquistou seis campeonatos estaduais, um Torneio Rio-São Paulo, três Brasileiros, uma Copa Mercosul e o título mais importante da história do clube – a Copa Libertadores de 1998, ano do centenário do onze de São Januário.

Escândalo nos EUA

Contudo, foi nesse período que Eurico enfrentou um dos mais conturbados casos de sua trajetória como dirigente esportivo. Um trabalho de jornalismo investigativo do editor do UCHO.INFO descobriu que Eurico Miranda usava uma empresa nos Estados Unidos, a Lolo of Florida Inc., para remessa de dinheiro ao exterior. À época, o Vasco tinha uma bisonha parceria com o Bank of America, o que fez com que o cartola crescesse os olhos.

No final de 2000, de posse de documentos oficiais obtidos junto ao governo da Florida, o editor deste portal, que na ocasião morava nos Estados Unidos, veio ao Brasil para tentar confirmar a escusa operação com Eurico Miranda.


Já no Brasil, o editor contata a esposa de Eurico por telefone, que por sua vez passa o número do celular do marido. Após contatar Eurico Miranda, que estava na sede do Vasco, um encontro foi marcado em São Paulo, onde o cruz-maltino enfrentaria o São Caetano em partida válida pelas finais do Campeonato Brasileiro daquele ano.

O encontro aconteceu no Hotel Intercontinental, na Alameda Santos (Jardins), onde apresentei a Eurico Miranda, sempre rodeado de truculentos e intimidadores seguranças, um organograma feito às pressas sobre lavagem de dinheiro no futebol por meio de empresas sediadas em paraísos fiscais. Foi a forma encontrada para obter a confirmação de Eurico de que ele tinha interesse no negócio. Ao ver o organograma, seu interesse foi imediato.

Na esteira da divulgação feita pelo editor, grandes veículos de comunicação do País noticiaram o fato como sendo exclusivo, sem dar o devido crédito. Alvo da CPI do Futebol que tramitou no Senado, o então deputado federal Eurico Miranda conseguiu manter o mandato, mas na eleição seguinte não conseguiu se reeleger por conta do desgaste provocado pelo escândalo.