Em nova demonstração de pequenez, Bolsonaro diz que sua oliveira “vai crescer mais” que a de Lula

    (Pool – Reuters)

    A dependência do presidente Jair Bolsonaro em relação a Lula e à esquerda brasileira chega a ser nauseante e torpe. Eleito apenas e tão somente porque encontrou nos seguidos erros e crimes cometidos pelos petistas a oportunidade de emplacar um discurso recheado com pílulas de falso moralismo e promessas de faxina na política nacional, Bolsonaro continua mirando o passado para justificar o presente. Talvez o presidente use o pretérito para explicar a paralisia do próprio governo.

    Nesta terça-feira (2), após visita ao Centro de Memória do Holocausto, para obrigatória de chefes de Estado estrangeiros que viajam a Israel, Bolsonaro participou da cerimônia de plantio de uma oliveira no Bosque das Nações, próximo ao museu. A árvore do líder brasileiro crescerá não muito longe de onde o ex-presidente Lula plantou sua muda durante viagem a Israel, em 2010.

    “A minha vai crescer mais que a dele”, disse comentou Bolsonaro, em referência à muda plantada pelo petista, seu principal adversário político e razão principal de sua vitória nas urnas.

    No memorial do Holocausto, Bolsonaro, talvez em mais um ato falho, disse: “Aquele que esquece seu passado está condenado a não ter futuro”.


    É fato que não se pode fechar os olhos para a barbárie que foi o Holocausto, mas o presidente brasileiro aproveitou o ensejo para, mesmo às avessas, minimizar o estrago produzido pelo vídeo que defende o golpe de 1964, divulgado no último domingo (31) pelo Palácio do Planalto.

    Bolsonaro nutre uma obsessão doentia pela esquerda brasileira, o que o leva a dar importância a questões comezinhas, que não coadunam com a postura de um chefe de Estado. Mesmo assim, o presidente não perdeu a oportunidade de atacar os governos petistas.

    “Passamos por dois governos de esquerda, o último inclusive não aceitou as credenciais do embaixador indicado por Israel. Logicamente, fiquei muito constrangido naquela época”, afirmou Bolsonaro. “Agora, Deus me deu a graça de ser presidente, e cumpriremos essa missão da melhor forma possível e buscando também relacionamento com países que contribuem para o bem do nosso povo.”

    Sabem os brasileiros de bem que o presidente não tem competência para o cargo e até o final do mandato manterá essa toada de campanha, que deveria ter acabado em 28 de outubro de 2018. Sem nada a entregar aos brasileiros, é o que resta a um político que passou quase três décadas no “baixo clero” da Câmara dos Deputados e já assumiu publicamente ser um néscio.

    Quando um governante desce a detalhes pífios, como o que Bolsonaro destacou no ato simbólico de plantar a muda de oliveira, nada deve-se esperar em relação ao futuro, pois a pequenez do pensamento de quem age dessa forma mata a esperança.