Ao aceitar ataques chulos a Mourão e aos generais palacianos, Bolsonaro “estica a corda” de maneira perigosa

Presidente da República, Jair Bolsonaro não nutre o menor apreço pela democracia, mesmo que ele declare isso publicamente ou seus seguidores ofendam de maneira torpe quem contradiga o capitão reformado do Exército. A prova maior de seu desapreço pela democracia surgiu na noite de segunda-feira (22), instantes após o próprio Bolsonaro ter criticado as sórdidas ofensas do astrólogo Olavo de Carvalho aos generais palacianos e às Forças Armadas.

O presidente, que no último sábado (20) publicou em seu canal no Youtube vídeo em que o astrólogo radicado nos Estados Unidos ofende de maneira torpe o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e dispara críticas grosseiras aos militares que integram o núcleo duro do governo, não sem antes atacar duramente as Forças armadas, foi pressionado pelos generais para que tomasse uma atitude diante do absurdo em que se transformaram as incursões daquele que é tratado como “guru”.

No polêmico vídeo, que foi retirado do canal que Bolsonaro mantém no Youtube, o guru afirma que o presidente é um mártir e tenta justificar sua fala ao afirmar: “Só de aguentar esses filhos da puta que têm em volta dele. Não dá, não dá.”

Não contente com suas estultices, Olavo continua: “Qual foi a última contribuição das escolas militares para a alta cultural nacional? As obras do Euclides da Cunha. Depois de então foi só cabelo pintado e voz empostada. Cagada, cagada. Esse pessoal subiu ao poder em 1964, destruiu os políticos de direita e sobrou o quê? Os comunistas.”

Bolsonaro, por meio do porta-voz da Presidência da República, afirmou que as críticas de Olavo de Carvalho em nada contribuem com o governo. “Suas recentes declarações contra integrantes dos poderes da República não contribuem para a unicidade de esforços e consequente atingimento de objetivos propostos em nosso projeto de governo”, declarou o porta-voz Rêgo Barros.


Que a declaração lida pelo porta-voz foi apenas para “inglês ver” todos sabem, mas beira a irresponsabilidade a decisão de Jair Bolsonaro de terceirizar os ataques aos militares, em especial ao vice Hamilton Mourão, como se essas investidas fossem benéficas ao País.

Em seguida à leitura da nota pelo porta-voz, o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, usou as redes sociais para exaltar a figura de Olavo de Carvalho e novamente atacar o vice. Se a postura de Hamilton Mourão ao tratar dos mais variados assuntos incomoda Bolsonaro e sua prole, que o presidente repense a forma de governar e deixe de lado as questões ideológicas, dedicando-se apenas aos assuntos que interessam ao País.

Incentivado pelos filhos e pelo próprio Olavo de Carvalho, o presidente da República insiste em jogar para a plateia, como se o Brasil não vivesse sob o manto da democracia representativa. Em algum momento essa estratégia deixará de funcionar e o País mergulhará em uma crise institucional grave e sem direito a retorno, com a possibilidade de uma troca no comando da nação.

Não se trata de golpe, mas de afastamento de Bolsonaro por conta do cometimento de algum crime de responsabilidade, algo fácil de acontecer em meio a tanta pressão e falta de humildade e consciência. Crime de responsabilidade exige a aplicação da Lei do Impeachment (Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950), como já viram os brasileiros.

Ou Bolsonaro coloca cada um no seu devido lugar, assumindo o papel para o qual foi eleito, ou aceita o risco dessa empreitada suicida que está levando adiante como se fosse um garoto mimado e rebelde. Como sempre afirma o UCHO.INFO, na política o jogo é bruto e implacável. E Bolsonaro, depois de 28 anos no Congresso, deveria der aprendido. Enfim…