Não é de hoje que alguém diz ser o Brasil um país abençoado por causa das terras férteis, do Sol presente quase o ano todo e pela ausência de catástrofes naturais em nosso território. Se esses motivos são suficientes para que pessoas acreditem que Deus foi generoso com os brasileiros, por certo ainda não perceberam o poder de devastação da estupidez de Jair Bolsonaro, o presidente que é adorado por uma porção da sociedade, talvez a que se identifica com ele em termos intelectuais e cognitivos.
Na quinta-feira (25), durante café da manhã com um grupo de jornalistas, Bolsonaro disse: “quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. Tomando como certa a declara do presidente, desde já o Brasil foi transformado em lupanar a céu aberto. Já era um faroeste caboclo, agora ganhou esse novo status de presidente de um néscio movido pela intolerância.
Jair Bolsonaro sofre de uma doença incurável, a “delinquência intelectual”, o que explica, mas não justifica, sua verborragia insana, que atenta contra os mais básicos conceitos de humanidade. Não é pelo fato de Bolsonaro ter usado um apartamento funcional da Câmara dos Deputados para “comer gente” (até hoje não se sabe o gênero dessa “gente”) que um chefe de Estado e de governo pode balbuciar tamanha sandice.
Ao que se sabe, mulheres brasileiras não são mercadoria nem atrativos turísticos, como bem lembrou o escritor Paulo Coelho, que nas redes sociais “enquadrou” o presidente ao escrever: “Mulheres brasileiras não são uma commodity. Turismo sexual não é uma razão para visitar o Brasil”.
Como se não bastasse, Bolsonaro, que já tem o nome grafado no panteão das estultices, afirmou que “o Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias”.
Pelo que se sabe, heterossexuais ou homossexuais têm família, independentemente do preconceito reinante no pensamento do presidente da República. E mesmo que órfãos estejam – um dia tiveram família –, merecem respeito incondicional, pois a Carta Magna é clara ao estabelecer que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Não obstante, vale lembrar que o respeito ao próximo independe de imposição legal, mas está atrelado à formação do caráter do ser humano.
Personificação da farsa, Bolsonaro só conseguiu subir a rampa do Palácio do Planalto porque, apesar de condenar as chamadas “fake news”, abusou das mentiras durante a corrida presidencial, estratégia canhestra para convencer uma massa eleitoral cansada dos errados dos governos anteriores, mas que defende o vale-tudo para justificar a preguiça política que varre o País.
Se a estupidez do presidente da República é avassaladora, como já mencionado, sua essência falaciosa chega a assustar. É inaceitável alguém que fala em Deus de forma recorrente, mas não se avexa ao dizer que “aquele que quiser vir ao Brasil fazer sexo com mulheres, fique à vontade” ou que “o Brasil não pode ser um país do mundo gay porque temos famílias”.
Depois desse “Febeapá” (festival de besteiras que assola o país), como dizia o saudoso Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo de Sérgio Porto), resta saber se as mulheres e os gays aceitarão passivamente tamanho insulto. Em qualquer país minimamente sério, com cidadãos com sangue correndo nas veias, o palácio presidencial já estaria cercado pela população.