EUA mantêm bloqueio à entrada do Brasil na OCDE; Palácio do Planalto afirma que acordo está mantido

O apoio da Casa Branca ao ingresso do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), anunciado durante a visita oficial do presidente Jair Bolsonaro a Washington, em março, continua no campo das promessas.

Apesar da declaração pública do Donald Trump, de que auxiliaria o País a se tornar membro da organização, em reunião do Conselho de Representantes ocorrida nesta terça-feira (7), os EUA mantiveram o bloqueio ao processo de análise do ingresso do Brasil e de outros países. A informação é do jornal Valor Econômico.

Em março, durante visita de Bolsonaro à Casa Branca, o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) anunciou que o Brasil deixaria a Organização Mundial do Comércio (OMC), abrindo mão de privilégios em negociações internacionais, para ingressar na OCDE, apostando na promessa de Trump.

O pedido para o Brasil ingressar na OCDE foi protocolado em junho de 2017, no governo Temer, mas a resposta, que deveria sair em até dois meses, acabou não acontecendo. Na sequência, os Estados Unidos votaram novamente contra a participação brasileira na organização.

O primeiro passo para o ingresso na organização é o Conselho da OCDE convidar o Brasil para iniciar o processo de admissão, o que ainda não aconteceu. Vencida essa etapa, o processo dura de dois a quatro anos para ser concluído.

Não demorou muito para o assunto repercutir e ganhar as redes sociais, exigindo do governo uma manifestação oficial sobre o tema. Coube ao assessor especial para Assuntos Internacionais do governo Bolsonaro, Filipe Martins, comentar publicamente sobre o silêncio dos diplomatas americanos na reunião da OCDE, em Genebra.


“A posição do governo americano em relação ao ingresso do Brasil na OCDE é exatamente a mesma que foi adotada pelo presidente Donald Trump no dia 19 de março: a de apoio claro e inequívoco ao início do processo de ingresso do nosso país na organização”, escreveu Martins no Twitter.

Segundo o assessor palaciano, “há um impasse sobre o número de vagas a serem abertas na organização, decisão que demandará consenso: enquanto países europeus desejam abrir 6 vagas, outros desejam abrir apenas 4, mas todos apoiam o acesso do Brasil”.

Oposição reage e cobra explicações

A oposição também recorreu às redes sociais para cobrar o governo brasileiro, não sem antes fustigar o presidente da República por causa da sabujice diante de Donald Trump.

“A subserviência de Bolsonaro a Trump agrada ao astrólogo ideólogo do governo morador dos EUA, mas não se traduz em nenhum ganho real para o País. Pelo contrário, já podem ser vislumbradas as perdas”, escreveu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em clara provocação ao escritor Olavo de Carvalho.

“Estados Unidos dão um chute no Brasil e não apoiam sua entrada na OCDE, mesmo depois de o Brasil ter abdicado do tratamento diferenciado da OMC, complicando nosso comércio internacional. Até onde vai o complexo de viralatismo do desgoverno Bolsonaro?”, tuitou o deputado André Figueiredo (PDT-CE).

“Belo acordo, capitão! Abrimos mão de vantagens comerciais que tínhamos na OMC a pedido do seu amigo Donald Trump, que lhe retribuiu mantendo o bloqueio ao Brasil na OCDE. É isso que dá ser capacho de americano”, ironizou Jorge Solla (PT-BA).

“EUA mantêm bloqueio na OCDE e não cumprem barganha com Brasil”, postou o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS).