Atividade econômica registra queda de 0,68% no primeiro trimestre; País pode entrar em recessão

Em um dos poucos debates que participou durante a disputa eleitoral, o então candidato Jair Bolsonaro ousou afirmar que era o único capaz de resolver os problemas do País. Tal declaração caiu como música nos ouvidos da massa ignara, à época atordoada pelos crimes e trapalhadas protagonizados pela esquerda bandoleira.

Acreditaram os incautos que um rastaquera propulsado pela incompetência, mas dono de discurso emoldurado recheado com intolerância e radicalismo, seria capaz de levar o Brasil a uma guinada histórica.

Longe de ter uma vara de condão, Jair Bolsonaro é a fulanização do embuste em termos políticos e de governança, como demonstram os últimos acontecimentos. Adepto da fanfarronice, o presidente, logo após eleito, deixou as soluções econômicas para Paulo Guedes, a quem, de maneira galhofeira, passou a chamar de Posto Ipiranga.

É sabido que nenhuma medida na área econômica surte efeito antes de seis meses, mas a alcunha dada a Guedes deu à população uma indevida dose extra de esperança, algo típico de populistas contumazes, como é caso de Bolsonaro.

Para provar o que sempre afirmamos – e não abriremos mão do jornalismo sério e responsável, apesar das muitas críticas dos incomodados – a atividade econômica registrou queda no primeiro trimestre neste ano. É o que mostra o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta quarta-feira (15) pelo Banco Central (BC).

No primeiro trimestre, comparado ao mesmo período anterior, o IBC-Br apresentou queda de 0,68%, segundo dados dessazonalizados (ajustados para o período). Mantido esse ritmo para os próximos trimestres, o País poderá facilmente entrar em recessão, se é que esse movimento já não dá os primeiros sinais.

Em março, na comparação com fevereiro, houve recuo de 0,28%. Na comparação com o março de 2018, a queda chegou em 2,52%. Em 12 meses terminados em março de 2019, houve expansão de 1,05%.

O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira e ajuda o BC a tomar suas decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos.

O índice foi criado pelo BC para tentar antecipar, por aproximação, a evolução da atividade econômica. Mas indicador oficial da economia é o Produto Interno Bruto (PIB), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Primeiro trimestre

Na terça-feira (14), na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC adiantou que a economia poderia apresentar recuo no primeiro trimestre. De acordo com o documento, o processo de recuperação gradual da atividade econômica sofreu interrupção no período recente, mas a expectativa é de retomada adiante.

A ata da reunião do Copom demonstra que o arrefecimento da atividade observado no final de 2018 teve continuidade no início de 2019. “Em particular, os indicadores disponíveis sugerem probabilidade relevante de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha recuado ligeiramente no primeiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre anterior, após considerados os padrões sazonais”, ressalta o documento.

O Copom acrescentou que os indicadores do primeiro trimestre induziram revisões substantivas nas projeções de instituições financeiras para o crescimento do PIB em 2019. “Essas revisões refletem um primeiro trimestre aquém do esperado, com implicações para o “carregamento estatístico” [herança do que ocorreu no ano anterior], mas também embutem alguma redução do ritmo de crescimento previsto para os próximos trimestres”.

O mercado financeiro já reduziu a previsão de expansão do PIB por onze vezes consecutivas, o que é preocupante e aponta para mais um ano perdido em termos econômicos. A estimativa para o PIB em 2019 está em 1,45%.

A equipe econômica já trabalha com previsão de crescimento de 1,5% neste ano, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, na quarta-feira. Em audiência na Comissão Mista de Orçamento (CMO), no Congresso Nacional, o ministro afirmou que a reformulação de expectativas diante da demora na aprovação da reforma da Previdência justificou a revisão das estimativas.

É preciso que o governo, em especial a equipe econômica, não fique à espera da aprovação da reforma da Previdência, mas elabore um “plano B” para o caso de o “plano A” fracassar. Até o momento, o governo Bolsonaro tem apostado todas as fichas na aprovação da reforma, sem demonstrar empenho para que isso ocorra. Afinal, a articulação política do Palácio do Planalto é no mínimo vergonhosa, para ser elegante. (Com ABr)