Datafolha mostra que desaprovação do governo Bolsonaro está em 38%; presidente reage com deboche

Presidente da República, Jair Bolsonaro continua dividindo opiniões, mas não tanto como acontecia até recentemente. Isso porque cresce a parcela da opinião pública que rejeita a forma de governar adotada por Bolsonaro, se é que a administração federal pode ser chamada de “governo”.

A mais recente pesquisa Datafolha, cujos dados foram divulgados na manhã desta segunda-feira (2), mostra um processo de corrosão da imagem do presidente da República, que por conta do novo cenário deve radicalizar ainda mais suas decisões, com o claro objetivo de agradar o seu eleitorado e manter as expectativas em relação à corrida presidencial de 2022.

De acordo com o Datafolha, o contingente dos que consideram o governo Bolsonaro “ruim ou péssimo” saltou de 33% para 38%. Os que consideram “regular” ficou em 30%, ao passo que os entrevistados que classificam o governo como “ótimo ou bom” somam 29%. Entre os entrevistados pelo instituto de pesquisa, 2% alegaram não saber ou não responderam. Considerando os que não consideram o governo Bolsonaro “ótimo ou bom”, o índice dos que reprovam a atual administração é de 68%.

Em relação à expectativa com o futuro do governo, 45% dos consultados pelo Datafolha esperam que Bolsonaro faça uma gestão “ótima ou boa”. Em julho, esse contingente era de 51%, e em abril, de 59%. Outros 32% acreditam que o presidente fará uma administração “ruim ou péssima”, contra 24% em julho, e 23% em abril.


Sem estofo para o cargo, Jair Bolsonaro é, como presidente da República, aquilo que sempre foi como deputado federal: um incompetente refém da polêmica e do radicalismo. E esse cenário tende a piorar, pois o presidente precisa do apoio dos radicais que defendem um governo indefensável.

É importante ressaltar que o País só não entrou na espiral do caos porque o Congresso Nacional fez a parte que lhe cabia. E assim será por muito tempo, pois um governo populista que aposta no radicalismo e na divisão da sociedade não merece crédito. Alguém há e rebater essa afirmação, o que faz parte do contraditório, mas a extensa maioria da classe política pensa da mesma maneira.

Deboche presidencial

Em entrevista, ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta segunda-feira, Bolsonaro foi perguntado sobre os resultados da pesquisa e respondeu com o costumeiro deboche. “Alguém acredita no Datafolha? Você acredita em Papai Noel? Outra pergunta”, rebateu o presidente, dando a entender que o desconforto provocado pelo levantamento é grande.

Ao falar com os jornalistas, Bolsonaro foi alertado por um jornalista da “Folha de S. Paulo” para o fato de que, no início deste mês, ele mesmo destacou os dados compatíveis do instituto no âmbito de pesquisa sobre a rejeição ao garimpo em áreas indígenas.

“De vez em quando, quando a pesquisa não é política, há uma tendência de fazer a coisa certa. Há uma tendência”, disse Bolsonaro, para quem pesquisas de opinião são criveis quando os resultados lhe favorecem.