Em sua 65ª fase (Operação Galeria), a Operação Lava-Jato cumpriu nesta terça-feira (10) mandado de prisão preventiva contra Márcio Lobão, filho do ex-senador e ex-ministro Edison Lobão (MDB-MA). Pai e filho são acusados de receber R$ 50 milhões em propinas, pagas pelos grupos empresariais Estre e Odebrecht, entre 2008 e 2014.
A nova fase da Lava-Jato investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no escopo de pagamento de propinas em troca de vantagens indevidas relacionadas à Transpetro, subsidiária da Petrobras, e às obras da Usina de Belo Monte, no Pará.
A Justiça expediu mandado de prisão contra Márcio Lobão porque, de acordo com a investigação, há indícios de continuidade do crime de lavagem de dinheiro ao longo do deste ano. A defesa do investigado alega que os fatos que motivaram a prisão são antigos e envolvem investigações diferentes, “sobre as quais não houve nenhuma ação dos investigados a impedir ou dificultar o trabalho do órgão de acusação”.
O advogado responsável pela defesa de Márcio Lobão alega que “a decretação de prisão mostra-se desnecessária e viola princípios básicos do direito, que devem ser restabelecidos pelo Poder Judiciário”.
A Operação Galeria tem como objetivo o aprofundamento das investigações sobre lavagem de dinheiro praticada pelo filho do ex-ministro através da compra e venda de obras de arte, transações imobiliárias, empréstimos entre familiares e movimentação de recursos em contas offshore.
Edison e Márcio Lobão já são réus na Lava-Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas a denúncia que embasou o mandado de prisão cumprido no âmbito da Operação Galeria envolve o recebimento de R$ 2,8 milhões em propinas, pagas pela Odebrecht.
Além do mandado de prisão preventiva, a Operação Galeria cumpre 11 de busca e apreensão em São Paulo (SP), Rio de Janeiro e Brasília (DF). Entre os alvos de busca e apreensão estão endereços de galeria de arte e de agentes financeiros que, de acordo com os investigadores, administravam contas bancárias de Márcio Lobão no exterior.
Nas buscas desta terça-feira, mais de 100 obras de arte foram apreendidas. De acordo com a delegada federal Penélope Leme Gama, “uma delas ultrapassa o valor de R$ 1 milhão”. Contudo, a delegada explicou que não se pode afirmar que todas as obras de arte apreendidas foram adquiridas com dinheiro ilícito.
Como sempre afirma o UCHO.INFO, política no Brasil não se faz com pouco dinheiro, pelo contrário. Trata-se de uma atividade que envolve cifras bilionárias e proporciona a prática de crimes dos mais distintos, sempre tendo vantagens indevidas como contrapartida.
Em matéria publicada no dia 17 de novembro de 2014, o UCHO.INFO informou que um alto executivo de empreiteira encalacrada na Lava-Jato afirmou ter destinado ao MDB (à época PMDB) a bagatela de R$ 30 milhões para ajudar nas principais campanhas eleitorais da legenda, sendo que o dinheiro teria sido entregue ao então ministro Edison Lobão. Por questão de segurança e para manter boas relações com a cúpula do partido, o doador da dinheirama decidiu telefonar para alguns dos destinatários com o intuito de saber se tinham recebido o “agrado”.
O dinheiro sumiu e, segundo informações de bastidores, teria sido despejado na conta de campanha de Edison Lobão Filho, à época suplente de senador e derrotado na disputa pelo Palácio dos Leões, sede do Executivo maranhense, em 2014. Os parlamentares que se sentiram lesados foram reclamar com o ex-senador José Sarney (PMDB-AP), mas nada aconteceu. Sem dar explicações públicas sobre o escândalo, Edison Lobão adotou na ocasião um silêncio obsequioso.