Populista, programa de geração de empregos de Bolsonaro penalizará beneficiários do seguro-desemprego

Nada é pior na seara política do que o populismo barato, a que recorrem os governantes ladinos para ludibriar a opinião pública. É o caso do presidente Jair Bolsonaro, que sem conseguir cumprir algumas das muitas e absurdas promessas de campanha agora vale-se do engodo oficial para seguir no cargo.

Na segunda-feira (11), 72 horas após a soltura do ex-presidente Lula, que cumpria de forma antecipada pena de prisão no âmbito da Operação Lava-Jato, Bolsonaro lançou, durante cerimônia no Palácio do Planalto, o programa “Emprego Verde-Amarelo”, cujo objetivo é gerar 4 milhões de empregos até 2022 e tem como foco os jovens, camada da sociedade mais atingida pela escassez de vagas no mercado de trabalho.

Quando estava candidato à Presidência, Bolsonaro afirmou que, se eleito, faria tudo novo e de um jeito diferente, mas ao longo de mais de dez meses foi possível perceber que o presidente é o que se conhece como “mais do mesmo”. No caso do mencionado programa de geração de empregos, o pobre mais uma vez está sendo usado como massa de manobra de políticos inescrupulosos.

O primeiro entrave do programa lançado por Bolsonaro reside no fato de que o prazo máximo para contratação é de dois anos, ou seja, depois desse período o jovem voltará ao universo dos desempregados. No momento em que o País necessita de medidas que busquem a retomada sustentável da economia, o governo lança um programa de curta duração. Ou seja, o presidente conseguiu transformar a equipe ministerial em um ajuntamento de alucinados, que ora rezam pela cartilha do revanchismo ideológico, ora defendem os interesses os interesses das classes mais privilegiadas.

Entre as regras estabelecidas no programa está a proibição (sic) de a empresa contratar um novo funcionário para ocupar a vaga de outro demitido. Essa exigência parece proteger o jovem trabalhador, mas considerando a criatividade crescente do brasileiro e as vantagens inerentes à contratação no escopo do programa, demitir um trabalhador e criar nova vaga de trabalho com nome e roupagem diferente não exigirá esforço. Aliás, o governo não terá como controlar essa manobra que tem tudo para acontecer, até porque com a economia em crise toda brecha é vista como sólida trincheira.


Outra armadilha do programa de geração de empregos do governo é a baixa capacitação dos jovens desempregados. Com a qualidade da educação pública ao rés do chão, o que compromete sobremaneira o conhecimento mais básico, e a falta de experiência laboral, quem embarcar nesse ufanismo palaciano poderá chegar com facilidade ao desalento. Sem contar que a busca por uma vaga de trabalho nas grandes cidades custa dinheiro, mercadoria em falta no mercado.

Como sempre acontece no Brasil, nenhum governante dá esmola com uma mão sem usar a outra para subtrair algo. Para cobrir os custos de um programa que oferece benefícios dos mais diversos aos contratantes, como desoneração da folha de pagamento, por exemplo, o que já era ruim ficou ainda pior, pois o governo decidiu taxar o seguro-desemprego. Em outras palavras, o ultradireitista está disposto a socializar a tragédia do desemprego.

Até horas antes do lançamento oficial do “Emprego Verde-Amarelo”, o programa contemplava também a geração de vagas de trabalho para pessoas com mais de 55 anos, mas na última hora esse trecho do projeto foi excluído, como se os mais velhos que encontram-se desempregados não tivessem o direito de viver com doses rasas de dignidade, talvez de sobreviver a qualquer custo. Tomando por base que as empresas estão à procura de pessoas experientes, os cidadãos com idade avançada enfrentariam menos dificuldades no momento de eventual contratação.

Economistas que analisaram o “Emprego Verde-Amarelo” afirmam que em tese o programa é lógico, mas é preciso aguardar o avanço do tempo para saber se na prática de fato funcionará. No momento em que o programa limita o tempo de contratação em no máximo dois anos, o que o governo está a fazer é lançar uma boia no mar revolto, onde todos têm certeza de que, cedo ou trade, morrerão afogados.

Se durante a era petista o UCHO.INFO cumpriu à risca seu papel ao criticar com firmeza e responsabilidade as políticas econômicas dos governos de então, apontando os erros crassos que se confirmaram com o passar do tempo, não será agora que iremos recuar apenas porque a milícia virtual bolsonarista assim deseja.