Liberalismo econômico: Bolsonaro palpita sobre juro básico e Imposto de Renda, mas ninguém reclama

Quando ainda era candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro afirmou publicamente ser ignorante em termos de economia, ressaltando que questões relacionadas ao tema seriam de responsabilidade de Paulo Guedes, que desde o início do novo governo está à frente do Ministério da Economia.

Para quem admite ser um néscio em termos de economia, Bolsonaro tem palpitado demais nas questões relacionadas à pasta do seu “Posto Ipiranga”. Nesta segunda-feira (2), durante evento na sede da Caixa Econômica Federal, em Brasília, o presidente disse que a taxa básica de juro cairá para 4,5% ao ano até o fim de 2019 (atualmente está em 5%). Bolsonaro ressaltou em seu discurso que essa redução na Selic aconteceria sem interferência do governo.

Ora, se o governo não interfere nas decisões tomadas pelo Banco Central, cujo Comitê de Política Monetária (Copom) é responsável por definir a taxa básica de juro, não havia razão para Bolsonaro falar sobre um assunto que pouco conhece. No momento em que o chefe do Executivo faz uma afirmação desse naipe, é porque o governo interferiu no BC.

Ainda quando candidato, Jair Bolsonaro prometeu ampliar para R$ 5 mil mensais a faixa de isenção do Imposto de Renda. Atualmente, o Leão não avança sobre quem recebe RR$ 1.903,98. O presidente declarou que está pressionando a Receita e a equipe econômica para que a faixa de isenção do Imposto de Renda seja ampliada, mas na melhor das hipóteses esse valor deverá chegar a R$ 2 mil mensais. Se confirmada, a nova faixa valerá a partir de 2020.


Pois bem, reduzir a faixa de isenção do I.R. incidente sobre o salário do trabalhador pode ser um caminho alternativo para impulsionar o consumo e por consequência a economia, mas é importante ressaltar que o governo está correndo atrás de um ajuste fiscal, o qual obrigou à reforma da Previdência.

Quando o presidente da República, que assumiu ser despreparado em temas econômicos, começa a dar palpites sem saber o efeito prático e a viabilidade do que está a sugerir, algo está errado nos bastidores do poder.

Considerando que Paulo Guedes e seus assessores, os chamados “Chicago Boys”, se declaram liberais em termos de economia, a intromissão de Bolsonaro nos dois temas acima mencionados revela que o governo está perdido e o presidente não respeita seus assessores.

Não será surpresa se algum integrante da equipe econômica, em especial os que tratam dos assuntos abordados por Bolsonaro, peçam demissão dos respectivos cargos. Aliás, já há alguns afoitos querendo saber quando Guedes apresentará a carta de demissão.