Após declarar apoio aos EUA no caso do ataque que matou Soleimani, Bolsonaro decide “sair de fininho”

Nada é mais amador no universo político do que o governo de Jair Messias Bolsonaro, que enquanto candidato vendeu à parte incauta do eleitorado a falsa ideia de ser a derradeira solução para os muitos problemas do País. Despreparado e sem estofo para ocupar cargo de tamanha relevância, como há muito afirma o UCHO.INFO, Bolsonaro usa seu conhecido destampatório como artilharia contra adversários ideológicos, sem pensar que essa verborragia compromete sobremaneira a situação do Brasil no cenário interacional.

O presidente brasileiro tem o direito, como cidadão comum, de acreditar que a sabujice dedicada a Donald Trump é um grande negócio ao País, mas na verdade essa subserviência tosca e vexatória não passa de uma sequência de tiros pela culatra, cuja dolorosa conta há de acabar no bolso da população.

Depois de declarar apoio aos Estados Unidos no caso do ataque que culminou com o assassinato do general iraquiano Qasem Soleimani, chefe da Força Qurds, tropa de elite da Guarda Revolucionária da antiga Pérsia, Bolsonaro foi enfático ao afirmar que o Brasil não economizará esforços no combate aos terroristas. Ou seja, o presidente sugeriu que o governo de Teerã atua em conluio com o terror, sem ter provas.

A situação brasileira ficou ainda mais delicada com a divulgação de comunicado do Itamaraty, no qual a diplomacia brasileira afirmou apoiar “a luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo”.

O comunicado do Itamaraty recebeu duras críticas de diplomatas brasileiros e estrangeiros, pois endossa o assassinato de um funcionário de governo estrangeiro, o que em termos diplomáticos é considerado ato de guerra. Não obstante, de acordo com o que estabelece o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), são consideradas grupos terroristas apenas a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Em outras palavras, a chancelaria brasileira seguiu o viés ideológico, deixando de lado a boa diplomacia.

Como efeito imediato da nota do Ministério das Relações Exteriores, a chancelaria iraquiana cobrou explicações da representante da Embaixada brasileira em Teerã, pois é no mínimo inaceitável que um importante parceiro comercial aja como agiu o Brasil.

Preocupado com os efeitos colaterais do imbróglio diplomático, Bolsonaro, que nunca sabe o que dizer sobre os mais diversos assuntos, alegou que só comentaria o assunto após conversar com o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), mas que seu desejo era manter as relações comerciais com o Irã.

Que o governo de Jair Bolsonaro é uma catapulta de balões de ensaio todos sabem, mas beira o ridículo um presidente da República que repetidas vezes é obrigado a mudar as próprias declarações, pois se insistir em mantê-las causará ainda mais constrangimentos ao País. Diante da repercussão das próprias declarações e do comunicado irresponsável do Itamaraty, Bolsonaro baixou uma ordem no Palácio do Planalto: não se fala mais no assunto.