Nesta segunda-feira (3), em evento na cidade de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro lançou a pedra fundamental do futuro Colégio Militar de São Paulo, uma parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). No evento, ocorrido ao lado do Campo de Marte, na zona norte paulista, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, em clara demonstração de sabujice, não poupou esforços para deixar evidente seu alinhamento ideológico ao governo Bolsonaro. A Fiesp custeou o projeto arquitetônico da obra.
Na ocasião, o presidente da República criticou os governadores do Nordeste, que não aderiram ao modelo da escola cívico-militar, como se esse modelo resolvesse os muitos problemas da educação brasileira. O único Estado nordestino que aderiu ao projeto de construir escolas militares foi o Ceará, que é governado pelo petista Camilo Santana.
“Oito dos nove governadores do Nordeste não aceitaram a escola cívico-militar. Para eles a educação está indo muito bem formando militantes e desinformando, lamentavelmente. Aqui no Sudeste, dois governadores não aceitaram. A questão político-partidária não pode estar à frente das necessidades do País”, disse Bolsonaro.
Além de Skaf, estavam presentes à cerimônia os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Abraham Weintraub (Educação), a secretária especial de Cultura, Regina Duarte, e o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ).
Bolsonaro também voltou a comentar os números do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) e disse que na próxima avaliação o País estará “entre os melhores”. Para o presidente, “se o Pisa fosse feito só por alunos de escola militar, o resultado do País seria muito melhor”.
Visivelmente contrariado com o fato de os governadores nordestinos não terem se submetido à sua vontade, o presidente disse que “a questão político-partidária não pode estar à frente das necessidades do País”. Bolsonaro deveria pensar duas vezes antes de vociferar sandices – se é que consegue essa proeza –, pois o que está em marcha com os colégios militares é uma questão político-ideológica.
Em vez de criar factoides para dar ao próprio governo ares de suposta competência, Bolsonaro deveria se imbuir de coragem e demitir o ministro Abraham Weintraub, que insiste em recorrer à galhofa para impor suas bizarrices.
Depois de todas as trapalhadas ocorridas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o presidente e o ministro da Educação poderiam ter doses rasas de vergonha e não participar de eventos oficiais relacionados à Educação. Em suma, no governo atual, assim como nos anteriores, desfaçatez é mercadoria em abundância.