Copom reduz Selic para 4,25% ao ano, sinal de que apatia do consumidor continua preocupando

Confirmando as previsões da maioria dos analistas do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (5), por unanimidade, reduzir a taxa básica de juro (Selic) de 4,50% para 4,25% ao ano. Trata-se do quinto corte da taxa no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade. Com esse novo recuo, a Selic alcança marca inédita na série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.

O novo corte na Selic ocorre em um momento de preocupações do mercado com o crescimento econômico global, em especial por causa possibilidade de epidemia do novo coronavírus atingir a China, um dos principais parceiros comerciais do Brasil.

Além disso, a decisão do Copom sinaliza que o consumo interno está longe de reagir, contrariando a expectativa dos empresários e das autoridades, uma vez que a população, com o poder de compra cada vez mais estrangulado, reforça a cautela.

Se por um lado a queda do desemprego ainda é lenta, por outro os empregos gerados no País têm como remuneração valores abaixo de dois salários mínimos. Na verdade, muitos trabalhadores brasileiros estão a viver (sic) com apenas um salário (R$ 1.045), algo quase impossível em um país como o Brasil. Esses brasileiros, quando conseguem, destinam mais da metade do salário mínimo para o pagamento do aluguel, sendo que o restante é utilizado para a sobrevivência. Isso explica o fato de muitas pessoas buscarem moradia em áreas de risco ou optam por viver nas ruas.

Diante desse cenário, falar em recuperação econômica no curto prazo é enganar a opinião pública. Como a economia brasileira depende basicamente do consumo, reduzir a Selic é o que restou para tentar reverter o quadro atual, principalmente porque o Estado, como um todo, é refém da arrecadação de impostos.

A meta central de inflação para 2020 é de 4% (com tolerância entre 2,5% e 5,5%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (2,25% a 5,25%). E, para 202, é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2% a 5%).

Com a taxa Selic em 4,25% ao ano, o Brasil passou a ocupar a nona posição no ranking de países com as maiores taxas de juros reais (descontada a inflação) do planeta. No topo do ranking, que considera as 40 economias mais relevantes, estão México (3,20%), Malásia (2,30%) e Índia (2,28%).