Antes de falar sobre a enchente em SP, Dória e Penido deveriam explicar escândalo da PPP da Iluminação

No Brasil, governantes especializaram-se ao longo do tempo em colocar a tranca na porta depois da casa arrombada. Em outras palavras, decidem consertar o telhado em meio à tempestade, quando o recomendado é fazer reparos em dias de sol.

Nesta segunda-feira (10), horas depois de a maior cidade brasileira, São Paulo, ter amanhecido debaixo d’água, o governador João Dória Júnior, que está nos Emirados Árabes Unidos, pediu aos paulistanos que só deixassem suas casas em caso de extrema necessidade. Do contrário, recomendou o gazeteiro Dória, sair às ruas somente após o arrefecimento da tempestade que transformou a capital paulista na versão tupiniquim e mal-ajambrada de Veneza.

João Dória, que só tem olhos para viagens glamourosas, disparou essa perola a partir de Dubai, mas por certo já não se recorda do que prometeu durante a campanha ao governo paulista. Em 11 de julho de 2018, em entrevista à rádio Jovem Pan, Dória disse que pretendia privatizar os rios Pinheiros e Tietê, com o objetivo de despoluí-los e torná-los navegáveis. O devaneio de então foi tão ousado, que o agora governador afirmou que a ideia usar ambos os rios para o transporte de passageiro, cargas e lixo.

João Dória adora um discurso marcado pela pirotecnia, por isso tem evitado viagens ao interior do estado de São Paulo, pois não rende notícias esfuziantes. O que tem gerado constantes reclamações de prefeitos. Quem frequenta o Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista, sabe que o governador não é fã desse contato mais próximo com políticos do interior.

Como se não bastasse o discurso desnecessário de Dória, o secretário estadual do Meio Ambiente, Marcos Penido, viu-se obrigado a dar explicações sobre a tragédia ocorrida em cidades da Grande São Paulo, onde a tempestade que ganhou força na madrugada desta segunda-feira provocou estragos de toda ordem. Penido afirmou que o sistema de drenagem de São Paulo não foi projetado para chuvas atípicas como as que atingiram a capital dos paulistas nesta segunda-feira.

“Fevereiro é um mês chuvoso normalmente, a gente fala em torno de 220 mm de chuva o mês inteiro – 66% foi nessa madrugada. Você tem um sistema de drenagem previsto para essa média histórica”, disse Penido. “Todo modelo de drenagem é baseado nos modelos matemáticos em função das médias históricas. Isso aqui não tem nada a ver com nenhuma média histórica nem a forma como ocorreu”, completou.

Como fazem nove entre dez governantes quando se deparam com situações com a que atingiu a cidade de São Paulo, Marcos Penido preferiu culpar a natureza e São Pedro pelo que aconteceu, quando o melhor seria fazer um mea culpa.

Na opinião de Penido, mesmo que obras de drenagem não concluídas estivessem finalizadas, a cidade de São Paulo enfrentaria problemas cidade em razão da intensidade das chuvas.

Quando João Dória decidiu sacar Penido da equipe do prefeito Bruno Covas e levá-lo para o governo, entregando-lhe o comando da Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, o UCHO.INFO afirmou que era secretaria demais para pouco secretário. Afinal, Marcos Penido até hoje não conseguiu dar ao menos uma explicação minimamente convincente sobre o escândalo de corrupção que marcou a PPP da Iluminação Pública da cidade de São Paulo. Assim como João Dória. Talvez ambos saibam de fatos que até São Pedro desconhece.

Confira abaixo vídeo da entrevista em que o então candidato João Dória Júnior fala sobre o plano de privatização dos rios Pinheiros e Tietê: