Bolsonaro pode demitir ministro da Cidadania nesta quarta-feira e entregar pasta a Onyx Lorenzoni

A agenda presidencial desta quarta-feira poderá ser marcada por uma demissão no primeiro escalão do governo. Isso porque o presidente Jair Bolsonaro não descarta a possibilidade de demitir o ministro Osmar Terra (MDB), da Cidadania, cuja gestão vem sendo questionada nas últimas semanas pelo núcleo duro do governo.

Terra caiu em desgraça junto aos palacianos quando passou a discordar da equipe econômica sobre as mudanças no programa “Bolsa Família”. O programa vem enfrentando críticas por conta da fila de espera, que já tem aproximadamente 500 mil famílias. Até a ex-presidente Dilma Rousseff criticou Terra por causa da demora no “Bolsa Família”.

Além disso, Osmar Terra criou uma frente de conflito com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Nos bastidores do governo há quem garanta que Terra tentou derrubar Mandetta para assumir a pasta da Saúde, já que também é médico.

O ponto alto do entrevero entre os dois ministros teria ocorrido no âmbito do processo capitaneado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa) que liberou a venda de medicamentos à base de canabidiol. Enquanto o ministro da Cidadania era contra a liberação, o da Saúde era a favor.

Caso a demissão seja confirmada, Osmar Terra reassumirá mandato de deputado federal pelo MDB gaúcho. No contraponto, Bolsonaro entregará o comando do Ministério da Cidadania a Onyx Lorenzoni, que vem se equilibrando na Casa Civil, mas passou a balançar com mais força depois do caso do uso de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) por um ex-assessor em viagem da Suíça a Nova Délhi.

Lorenzoni, que antecipou o retorno das férias para se manter no cargo e aceitou o papel de “despachante de luxo da Presidência”, não tem muita escolha: ou muda-se para o Ministério da Cidadania ou reassume o mandato de deputado federal pelo Democratas gaúcho.

A saída de Onyx Lorenzoni da Casa Civil já era esperada, mas Bolsonaro, para não se render ao noticiário negou a possibilidade de isso ocorrer. Para tal, incumbiu Lorenzoni de algumas missões, como, por exemplo, levar ao Congresso a mensagem presidencial na abertura dos trabalhos legislativos.

A demissão de Onyx só não aconteceu porque ele foi aliado de primeira hora da campanha de Bolsonaro, muito antes de ser lançada oficialmente. Apesar disso, o presidente anunciou na última semana que qualquer ministro que usasse o cargo para interesses eleitorais receberia “cartão vermelho”.

Como Lorenzoni pretende disputar o governo do Rio Grande do Sul, Bolsonaro pretende colocar no comando da pasta alguém que não tenha interesses políticos ou pretensões eleitorais. Umas das alternativas é transferir o atual ministro-chefe da Secretaria de Governo, general da reserva Luiz Eduardo Ramos, para a Casa Civil.

A grande questão está no fato de que a articulação política do governo continuará andando de lado, já que Ramos assumiu a tarefa em julho de 2019. E desde então o Palácio do Planalto vem penando para aprovar no Parlamento matérias de seu interesse.