Davi Alcolumbre abusa do “leguleio” para camuflar sua covardia no caso do ataque à jornalista da Folha

    O ataque torpe e rasteiro do presidente Jair Bolsonaro à jornalista Patrícia Campos Mello, da “Folha de S.Paulo”, não pode cair no esquecimento, como quer a súcia bolsonarista, pois trata-se de um crime de responsabilidade previsto na Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, conhecida como Lei do Impeachment. Além disso, o ataque configura inaceitável ofensa à honra da jornalista, uma das mais respeitadas e premiadas do País.

    Quem deveria agir para que o ataque não ficasse para as calendas, proporcionando mais uma vez a Bolsonaro a sensação de impunidade, prefere colocar “panos quentes” em um caso que em qualquer país razoavelmente sério já teria culminado em pedido de impeachment do chefe do Executivo federal.

    Avesso à democracia e disposto a denegrir a imagem de quem o contraria, Jair Bolsonaro é um delinquente intelectual que conta com a aquiescência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que considera o caso como “página virada”.

    “Do ponto de vista da instituição do Senado da República, acho que foi um episódio que é uma página virada, porque já aconteceu. Mas que a gente possa, daqui para frente, conduzir com mais respeito, com mais atenção porque vocês são atores importantes no fortalecimento das instituições”, disse Alcolumbre.

     
    “A gente lamenta porque a gente sabe o papel fundamental da imprensa brasileira, a gente sabe que vocês todos fazem do dia a dia, a vida de vocês, o trabalho de vocês para levar informação. Mas isso cada um conduz da sua maneira. A minha maneira é esta, de conciliar, de agregar, de pacificar”, completou o presidente do Senado.

    Na condição de um dos Poderes constituídos, Davi Alcolumbre deveria encabeçar um movimento contra Bolsonaro, que não pode transformar o Palácio do Planalto em território sem lei. Contudo, o presidente do Senado a pasmaceira para, ignorando a grave ofensa à jornalista, preservar seus interesses políticos e, por que não, eleitorais.

    Não há “página virada” quando a democracia é ameaçada diuturnamente por um governante despreparado e amante do totalitarismo. Não há “página virada” quando a imprensa é atacada de forma incessante pelo simples fato de noticiar a verdade dos fatos, desagradando o presidente da República e seus quejandos. Não há “página virada” quando uma mulher é vítima da verborragia insana e criminosa de alguém que, como presidente, deveria pacificar o País. Não há “página virada” quando está mais do que provado cometimento de um crime por parte de Jair Bolsonaro.

    Uma coisa é Davi Alcolumbre não ter coragem suficiente para encabeçar um movimento contra Bolsonaro, outra é o presidente do Senado se omitir diante de um fato grave e que tem punição prevista em lei.

    No momento em que silencia diante do “leguleio” de Davi Alcolumbre, a parcela de bem da sociedade – há os abilolados que aplaudem a atitude do presidente – está a aceitar a possibilidade de Bolsonaro repetir o gesto ou fazer algo ainda pior. A democracia não pode ser colocada à prova nem a integridade de cada um dos seus atores pode ser ameaçada. Reagir, sim, silenciar, jamais!