Em vez de atacar o Congresso, Heleno deveria pedir a Bolsonaro para governar e evitar destampatórios

Está cada vez mais claro que o presidente Jair Bolsonaro e seus principais colaboradores não nutrem apreço pela democracia, apesar dos discursos contrários. Demonstrando irritação com o vazamento do conteúdo da reunião com ministros, no Palácio do Planalto, da qual participou, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Augusto Heleno, demonstrou ter vocação para a conspiração após críticas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

Sem aceitar a crítica, depois de ter sugerido ao presidente da República para que não cedesse às “chantagens” do Congresso no âmbito dos vetos presidenciais ao orçamento impositivo, Heleno rebateu Maia afirmando que se há um desejo de implementar o parlamentarismo no Brasil, é necessário alterar a Constituição.

No encontro com ministros, Heleno, após bater com a mão na mesa de reunião, sugeriu a Bolsonaro para “convocar o povo às ruas” e em dado momento disparou: “Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se”.

O chefe do GSI disse que existem “insaciáveis reivindicações de alguns parlamentares”, que reduzem “substancialmente” o orçamento do Executivo. Não é da competência de Augusto Heleno assunto relacionados ao Orçamento, por isso o ministro deveria ater-se apenas aos temas relacionados à pasta.

Sobre a implementação do parlamentarismo, sistema de governo que seria benéfico ao País, Heleno deveria perceber que o Congresso Nacional tem assumido responsabilidades do Executivo, já que Jair Bolsonaro não tem competência nem estofo para ocupar cargo de tamanha relevância. Aliás, não fosse o empenho de deputados e senadores, muitas das matérias de interesse do País não teriam sido aprovadas se continuassem à espera de alguma iniciativa do Palácio do Planalto.

Augusto Heleno, que deveria preservar seu currículo como militar, poderia sugerir ao presidente da República para que descesse do palanque e, desligando a catapulta de desvarios, começasse a governar de fato, pois até agora o que se viu foi apenas conversa fiada impulsionada pelo revanchismo ideológico.