Na barafunda chamada Brasil, as famílias Gomes e Bolsonaro, e seus coronéis, se agridem nas redes sociais

O Brasil vive momento de decadência intelectual tão grande, que muitas vezes é difícil distinguir o que é pior em termos de manifestação política. Na quarta-feira (19), o senador Cid Gomes (PDT-CE), licenciado do cargo, foi atingido a tiros no momento em que tentava romper bloqueio de policiais militares grevistas usando uma retroescavadeira. Para um senador da República, de quem espera-se bom-senso e conhecimento raso da lei, uma atitude como essa é no mínimo condenável. O que não justifica o fato de ter sido baleado por um dos grevistas.

Filho do presidente da República e chapeiro de lanchonete que por pouco não virou embaixador em Washington, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que continua acreditando ser o “todo-poderoso”, foi às redes sociais para destilar sua insana verborragia, conhecida de muitos. “Tenta invadir o batalhão com uma retroescavadeira e é alvejado com um projétil de borracha. É inacreditável que um Senador da República lance mão de uma atitude insensata como essa, expondo militares e familiares a um risco desnecessário em um momento já delicado”, escreveu o “03” no Twitter.

Se Cid Gomes deveria ter se agarrado à prudência, Eduardo Bolsonaro poderia não escancarar sua ignorância em termos de legislação, pois a Constituição Federal proíbe a sindicalização e greves de corporações armadas. Ou seja, como prega a sabedoria popular, “o fruto não cai longe da árvore”, em outras palavras, filho de néscio, néscio é.

Ex-governador do Ceará e candidato derrotado à Presidência, Ciro Gomes, que não perde oportunidade para disparar sua metralhadora discursiva, rebateu a postagem do filho do presidente da República. “Deputado Eduardo Bolsonaro, será necessário que nos matem mesmo antes de permitirmos que milícias controlem o Estado do Ceará como os canalhas de sua família fizeram com o Rio de Janeiro”, escreveu Ciro.

Eduardo Bolsonaro foi à tréplica: “Nem 4 horas que o irmão foi alvejado após tentar atropelar dezenas de policiais, mulheres e crianças com uma retroescavadeira, e o coroné já usa o caso pra fazer política. Talvez porque, a essa altura, só assim consegue ter relevância. Patético.”

O filho de Jair Bolsonaro deveria ter um momento de humildade, caso isso seja realmente possível, pois em termos de patetice seu pai é um especialista no assunto. Até porque, o presidente, com sempre afirma o UCHO.INFO, só consegue atrair os holofotes da imprensa com declarações estapafúrdias e ataques sórdidos aos adversários e aos jornalistas, exceto aos que venderam a alma e a consciência aos palacianos.

 
Para não deixar o irmão sozinho no meio do tiroteio político, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) saiu em socorro do “03”, entrando em cena com sua expertise gramatical a tiracolo, não sem antes empunhar a petulância que emoldura o clã.

“Democraticamente estou desarmado, mas vou passar com um trator em cima de você. Aceite, ou senão é ditadura! O que mata não são armas de fogo legais, mas a pessoa que está disposta a cometer o crime, seja com que ferramenta for”, escreveu Carlos Bolsonaro no Twitter.

Dizem os mais experientes que “quem sai aos seus, não degenera”, o que explica a pouca intimidade de Jair Bolsonaro e sua prole com a língua portuguesa. Talvez essa falta de traquejo seja fruto da convivência com milicianos, que se preocupam mais com a divisão do dinheiro das “rachadinhas” do que com a boa gramática.

No ambiente democrático, onde apenas pessoas de bem conseguem conviver, não tem espaço para faroeste caboclo. Por isso, a afirmação “democraticamente estou desarmado” é um pleonasmo desnecessário. Contudo, como os Bolsonaro são adeptos do bate e arrebenta, talvez Carluxo seja o coronézinho que seu irmão Eduardo se referiu na resposta a Ciro Gomes.

Sobre “o que mata não são armas de fogo legais”, Carlos Bolsonaro deveria saber que a Carta Magna, como já citamos, proíbe que corporações armadas façam greves.

Em vez de querer dar lições de moral na família Gomes, que na nossa opinião colhe o que planta, o clã Bolsonaro poderia criar coragem, de fato, e explicar o escândalo das “rachadinhas”, o sumiço de Fabrício Queiroz e a relação canhestra com o agora finado Adriano Magalhães da Nóbrega. Afinal, o primogênito visitou o miliciano na prisão mais de uma vez.