Show de irresponsabilidade: Bolsonaro cobra crescimento de 2% em 2020, Paulo Guedes diz “amém”

É difícil definir quem é mais irresponsável: se o presidente da República, que cobrou de Paulo Guedes crescimento econômico de no mínimo 2% em 2020, ou se o ministro da Economia, que, em mais um ato de sabujice explícita, garantiu a Jair Bolsonaro que isso é possível, com chance de esse índice ser superado.

Por questões óbvias a horda bolsonarista há de surgir em cena para afirmar que nós, do UCHO.INFO, assim como faziam os petistas nos tempos de Lula e Dilma Rousseff, mas nosso papel como profissionais da informação é agir com responsabilidade e sempre agarrado à coerência e à verdade dos fatos.

Nem mesmo Benedicta Finazza, a folclórica Mãe Dináh, que ganhou fama com as previsões que fez na década de 90, seria capaz de garantir algo como o que prometeu o ministro da Economia. Não se trata de ser adepto do “quanto pior, melhor”, mas é preciso considerar que o crescimento econômico de um país depende de uma série de fatores, inclusive externos.

Divulgado na última segunda-feira (17) pelo Banco Central (BC), o Boletim Focus, que traz a mediana das projeções feitas pelos e analistas do mercado financeiro, apontou recuo na previsão de crescimento da economia nacional para o corrente ano, de 2,30% para 2,23%.

 
A retomada do crescimento econômico depende de múltiplos fatores, como já mencionado, mas é importante que o governo Bolsonaro solucione a questão do desemprego, ou pelo menos minimiza, resolva o problema da informalidade, recupere a confiança do investidor, em especial o internacional, e não atente contra a legislação vigente, a democracia e o Estado de Direito.

Os apoiadores de Jair Bolsonaro, sempre obtusos, creem que para solucionar os muitos problemas que afetam o Brasil basta radicalizar nas decisões no âmbito do governo, quando na realidade o que precisa é parcimônia, além de competência e serenidade. Algo que o presidente da República simplesmente desconhece o que significa.

Não obstante, é mais do que necessário que o País acene para os investidores, de forma geral, com a bandeira da segurança jurídica, sem a qual ninguém disponibilizará recursos para investimentos em um país que amanhece com um entendimento legal e anoitece com outro.

Com a politização do Judiciário e a transformação não oficializada da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba em um partido político, que se dedica à perseguição de alguns integrantes da política e ao revanchismo ideológico, falar em segurança jurídica é utopia. O UCHO.INFO não defende corruptos e criminosos de outras cepas, mas, sim a aplicação da legislação em vigor dentro dos seus limites. No momento em que a lei for desrespeitada para que prevaleça os interesses de determinados grupos políticos, o Brasil permanecerá na seara do atraso.

Para finalizar, em vez de diariamente fazer discursos tresloucados na portaria do Palácio da Alvorada, com o intuito de agradar os aduladores que lá madrugam e incendiar as redes sociais, Bolsonaro poderia descer do palanque e, com humildade e responsabilidade, começar a governar. Ao contrário, sempre disposto a semear a discórdia, busca o confronto como forma de abrir caminha para sua eventual reeleição. Diante desse cenário, cobrar crescimento econômico, seja em qual patamar for, é caso de hospício.