Aumentam mortes por coronavírus na Itália; Coreia do Sul e Irã também registram óbitos

Autoridades italianas informaram nesta segunda-feira (24) que foram detectados em torno de 220 casos de infecção pelo coronavírus Covid-19 no norte do país desde a última sexta-feira, que resultaram na morte de sete pessoas. Com o agravamento da situação, a Itália passou a ser o país mais afetado fora da Ásia.

Mais de uma dezena de cidades nas províncias da Lombardia e do Vêneto, com população combinada de em torno de 50 mil pessoas, foram colocadas sob quarentena.

O surto levou ao cancelamento dos dois últimos dias do tradicional carnaval de Veneza, gerando temores de novos prejuízos financeiros à cidade que, no ano passado, sofreu fortes danos causados por uma série de enchentes.

As autoridades identificaram 32 infecções pelo coronavírus na região do Vêneto, sendo que quatro destes eram na cidade histórica, o que levou as autoridades a cancelarem o carnaval.

Este é o primeiro cancelamento desde a reintrodução da festa na cidade nos anos 1970. Antes mesmo da suspensão, a temporada carnavalesca já havia começado em baixa. As reservas nos hotéis da cidade, normalmente lotados durante essa época, sofreram uma redução de 30%.

Veneza é um dos locais mais visitados em todo o mundo, atraindo mais 1 milhão de turistas somente da China todos os anos. Entretanto, o impacto das enchentes, somado ao surto do coronavírus, deverá trazer enormes prejuízos à economia da cidade.

A Comissão Europeia afirmou nesta segunda-feira que não considera suspender viagens entre países que integrem o espaço Schengen, onde há o livre trânsito entre fronteiras, mas informou que prepara um plano de contingências após o agravamento do surto no norte da Itália.

As restrições de viagens no espaço Schengen devem ser coordenadas entre os países, afirmou a comissária de Saúde da União Europeia (UE), Stella Kyriakides. “Até o momento, a Organização Mundial de Saúde não sugeriu a imposição de restrições, tanto ao comércio quanto às viagens”, afirmou, acrescentando que uma missão da OMS chegará à Itália nesta terça-feira.

Na noite de domingo, a Áustria chegou a suspender durante quatro horas o transporte ferroviário com o país vizinho em razão de suspeitas de infecção em dois passageiros. Após exames descartarem a contaminação pelo coronavírus, os trens voltaram a circular normalmente.

Quatro novos mortos no Irã

Doze pessoas morreram e há 61 infectados com o Covid-19, o coronavírus, no Irã, afirmou nesta segunda-feira (24), Iraj Harirchi, o vice-ministro de Saúde do país. É um aumento de quatro mortes em relação ao último boletim, que havia sido divulgado no domingo (23). A maior parte dos casos de coronavírus foi identificada na cidade de Qom, uma localidade sagrada para os xiitas, que fica 120 quilômetros ao sul de Teerã.

Um parlamentar dessa região, Ahmad Amirabadi Farahani, disse que mais de 50 morreram na cidade nas duas últimas semanas por causa da infecção causada pelo coronavírus. Ele afirma que o governo demorou para fazer o anúncio da epidemia e que a cidade não tem equipamento adequado para lidar com a crise de saúde, segundo a agência Ilna.

Iraj Harirchi, contestou os números do parlamentar e afirmou que se o número de mortes for um quarto de 50, ele pediria demissão.

 
Vírus pelo Oriente Médio

O Kuwait e o Bahrein, na segunda, registraram seus primeiros casos de coronavírus –todos eles de pessoas que foram ao Irã. Os Emirados Árabes anunciaram dois novos casos no sábado (22), um casal de turistas iranianos.

No Líbano, houve o primeiro caso na sexta-feira (21): uma mulher que voltou de Qom, no Irã. Em Omã também foram confirmados dois casos.

Alta súbita na Coreia do Sul

Na Coreia do Sul também houve aumento súbito de casos notificados nesta segunda-feira (24). Foram anunciadas, de uma só vez, 231 novas infecções, o que elevou o total no país para 833. O número de mortes subiu de cinco para sete.

Mais de 140 dos novos casos no país foram na cidade de Daegu, de 2,5 milhões de habitantes, ou na sua região metropolitana. Cinco das sete mortes no país aconteceram em um hospital de um município perto de Daegu –há um surto de infecções na ala psiquiátrica.

As autoridades afirmaram que esperam poder conter a epidemia na região isolando Daegu. Alguns especialistas, no entanto, disseram que o vírus já circula pelo país, e apontam para casos em Seul, a capital.

“Em Daegu, o número de novos casos confirmados por testes é alto, e se nós fracassarmos em efetivamente interromper as transmissões nessa área, há uma grande possibilidade de contágio de dimensão nacional”, disse o vice-ministro de Saúde, Kim Gang-lip.

A expectativa é estabilizar a situação em Daegu em quatro semanas. O vice-ministro disse que o plano é testar todos os habitantes que apresentarem sintomas semelhantes aos da gripe. São cerca de 28 mil pessoas, segundo ele.

China: lento retorno à normalidade

Ao mesmo tempo em que aumentam as preocupações com o surto do Covid-19 na Europa, a situação começa a demonstrar sinais de alívio na China.

Várias regiões do país relaxaram as proibições de viagem em áreas afetadas pelo surto do coronavírus após a diminuição do surgimento de novas infecções. Nenhum novo caso desde foi detectado desde o domingo em 24 das 31 províncias chinesas, incluindo Pequim – onde não houve registros pelo segundo dia consecutivo – e Xangai.

Estes foram os registros mais positivos no país desde que a Comissão Nacional de Saúde iniciou a divulgação diária das ocorrências, no dia 20 de janeiro. Segundo os números oficiais, desde o início do surto em dezembro, o coronavírus contagiou 77.936 mil pessoas e matou 2.442 mil na China.

Foram confirmados apenas 11 novos casos em seis províncias, enquanto em Hubei – o epicentro do surto do Covid-19 – as infecções caíram de 630 para 398 em apenas um dia. As autoridades de Wuhan, onde o surto teve início, chegaram a anunciar que as pessoas que estivessem em boas condições de saúde poderiam deixar a cidade, mas acabaram cancelando a medida.

Neste domingo, o presidente Xi Jinping comemorou a tendência de queda e pediu a reativação das atividades econômicas e a reabertura do comércio nas províncias consideradas de baixo risco. As demais, segundo o líder chinês, devem permanecer concentradas no controle do surto.

Algumas fábricas, comércios e locais de construção fora de Hubei retomaram suas atividades, ainda que parcialmente. Muitos trabalhadores ainda não retornaram do feriado do Ano Novo chinês, que foi estendido em razão do surto. Em muitos lugares há escassez de matéria-prima e componentes industriais, o que fez com que as linhas de produção não pudessem ser totalmente restabelecidas.

Em razão do surto, o governo chinês adiou o Congresso Nacional do Povo, o encontro anual do Parlamento, com início marcado para o dia 5 de março. Nos dez dias de duração do maior evento político do país, com cerca de 3 mil participantes, os parlamentares chineses aprovam leis e definem as metas econômicas para o ano que se inicia no calendário chinês. Ainda não foi divulgada uma nova data para a realização do Congresso. (Com agências internacionais)