Contra o ufanismo de Bolsonaro, Heleno e Guedes, dólar dispara, Bolsa despenca e risco-país registra alta

Tal e qual um paciente acometido por esquizofrenia, o governo de Jair Bolsonaro sofre de alucinações e delírios. Na escala técnica que fez no último sábado (7) em Boa Vista, capital de Roraima, antes de seguir viagem para Miami (EUA), onde encontrou-se com o mandatário norte-americano, o presidente Jair Bolsonaro discursou para apoiadores e convocou para os protestos agendados para 15 de março.

Como se o absurdo fosse pouco, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Augusto Heleno, disse na ocasião que “o Brasil está dando certo”. “Nós estamos diante de uma realidade inevitável. O presidente Jair Bolsonaro fará um novo Brasil e está dando certo. Ele tem encontrado uma resistência muito grande, porque a rede de corrupção que se criou nesse país, que está sendo desbaratada por esse governo, tem prejudicado planos espúrios de muita gente”, disse Heleno.

Bolsonaro e Augusto Heleno têm garantido, assim como qualquer cidadão, o direito à livre manifestação do pensamento, mas ambos precisam provar que o Brasil de fato está dando certo, pois até o momento, passados 14 meses e alguns dias, o governo atual não mostrou a que veio.

Nesta segunda-feira (9), durante encontro com empresários em Miami, Bolsonaro voltou a fazer declara coes ufanistas, como se o Brasil fosse uma reedição moderna e tropical do folclórico “País de Alice, aquele das maravilhas.

“Na questão econômica, como disse, confiança acima de tudo. Temos na pessoa do ministro da Economia um homem conhecido dentro e fora do País, o senhor Paulo Guedes. E às suas políticas econômicas somos leais e buscamos implementá-las de todas as formas. Estamos mostrando que estamos no caminho certo. Aqui nos EUA estamos mostrando isso”, afirmou o presidente brasileiro.

 

Em 2019 a economia nacional cresceu mísero 1,1%, mas Bolsonaro preferiu recorrer a um humorista para tratar do assunto. O desemprego continua em alta, apesar de a taxa básica de juro e a inflação oficial estarem em patamares historicamente baixos. Esse quadro mostra que há muitos fatores errados na economia, já que o brasileiro está com receio de consumir. Não obstante, a informalidade é recorde, ao passo que o poder de compra do salário mínimo é vergonhoso.

Bolsonaro pode confiar o quanto quiser em Paulo Guedes, assim como tem o direito de dizer que o ministro da Economia é conhecido dentro e fora do País – o que não resolve a vida do brasileiro –, mas é importante que o presidente explique a paralisia do governo.

Enquanto o “patrão” está a despejar suas fanfarronices na terra do Tio Sam, Guedes está no Brasil distribuindo sandices discursivas. Mesmo diante de um dia de tensões no mercado financeiro, com a Bolsa despencando (na casa de 88 mil pontos) e o dólar comercial cotado a R$ 4,75 (chegou a R$ 4,79), o ministro disse que a equipe econômica está tranquila em meio às turbulências.

“A equipe econômica é capaz, experiente, segura e está absolutamente tranquila quanto a nossa capacidade de enfrentar a crise, mas precisamos das reformas. Brasil pode ser realmente um país que transformou a crise em reaceleração do crescimento, geração de empregos em um mundo que está em sérios problemas disse Paulo Guedes.

Reunidas as mencionadas declarações chega-se à conclusão que o delírio oficial é muito maior do que se imaginava. Diante desse quadro, faz-se necessário que o presidente e seus ministros combinem o discurso com a devida antecedência para evitar vexames.

Como o Brasil pode estar “dando certo” se o risco-país de cinco anos, medido pelo CDS (Credit Default Swap), registrou alta de 40% nesta segunda-feira, chegado a 200 pontos, maior patamar desde janeiro de 2019? Nesse nível, o risco-país mostra que os investidores, em especial os internacionais, estão com o “pé atrás” em relação ao Brasil.